Itaipu vai ser pólo de produtos orgânicos
2005-07-28
Implantar a agricultura orgânica nas microbacias é uma forma de combater quatro dos cinco maiores problemas que a usina de Itaipu enfrenta por problemas ligados a preservação do meio ambiente: eutrofização (produção excessiva de algas, pelo acúmulo de fertilizantes que acabam no lago e vão para as turbinas); a sedimentação (acúmulo de sedimentos no lago, carregados para os rios por causa da chuva das terras sem cobertura vegetal); agrotóxicos (o consumo médio na região é de 11 litros por habitante/ano, mas há áreas aonde o consumo vai a 59,7 litros por ano, o que acaba nas águas dos rios e impede o consumo humano); desmatamento (a preservação por microbacias retoma o plantio por mata ciliares da nascente dos pequenos rios até sua foz). O quinto problema é um molusco invasor: o mexilhão dourado. Tudo isso faz sentido também porque o lago Itaipu já é responsável por 60% da água consumida em Foz do Iguaçu e a totalidade de Santa Terezinha, com tendência de se ampliar esse uso.
No momento, estão em curso 70 projetos coordenados por 20 gestores onde se reúnem as universidades, prefeituras, cooperativas, instituições de pesquisa, sindicatos, ministério público e a iniciativa privada num total de mais de 700 pessoas. Só o trabalho com 11 universidades envolve 210 acadêmicos e 40 professores. Há também o trabalho de 38 agônomos e técnicos agrícolas envolvidos e de 52 produtores convertidos que funcional como líderes multiplicadores do projeto. Segundo o responsável pela execução do programa, o diretor de Coordenação de Itaipu, Nelton Miguel Friedrich foram 17 meses batendo nas portas e explicando a idéia: - Das 1350 propriedades visitadas pelos menos 50% ou 675 foram convencidas para o método de produção de agricultura orgânica – comemora ele.
Gran Lago, a marca dos produtos na região
O projeto de agricultura orgânica em Itaipu vem tendo sucesso porque fecha praticamente todas as brechas que incomodam um produtor. Providencia a assistência técnica, a comercialização e o marketing, a certificação e o controle de qualidade, a pesquisa e desenvolvimento, a comunicação e educação ambiental e a gestão da informação através de um software livre que está armazenando todas as informações possíveis para que elas possam ser compartilhadas por todos os produtores do programa.
No total, um pouco mais de 50% da verba do projeto Cultivando Água Boa, de US$9 milhões, vai para a agricultura orgânica. – Estamos fazendo a Agenda 21 – explica Nelton Miguel Friedrich. – Ao invés de trabalhar a propriedade, a ação por microbacias consegue um resultado mais amplo cuidando da proteção do solo, da introdução do plantio direto, compatibilização das estradas, reflorestamento e do plantio de matas ciliares. A idéia é que toda a região seja certificada como produtora de orgânicos e até mesmo uma marce que identifique essa origem criada pela Itaipu – a Gran Lago. (GM, 28/07)