Pesquisador da Califórnia mede gases emitidos por vacas
2005-07-28
Em uma espécie de biobolha, em uma propriedade rural perto de Davis (Califórnia), nos Estados Unidos, oito vacas prenhes estão comendo, ruminado e defecando. Elas estão a serviço de uma pesquisa de Franl Mitloehner, da Universidade da Califórnia, que busca saber quanto gás uma vaca emite. As descobertas serão utilizadas para a elaboração dos primeiros regulamentos sobre qualidade do ar em áreas rurais e poderão afetar a regulamentação nesta área, em todo o país. Mas antes de explicar como funciona sua pesquisa, Mitloehner deixou bem claro: –Não estamos falando de flatulência. Ele enfatiza este ponto porque suas experiências vêm sendo desmerecidas como uma espécie de ciência do peido, um rótulo que não faz jus ao sério trabalho que desenvolve.
Existem mais de 3 milhões de vacas na Califórnia, a maioria vivendo na região do Vale Central, uma das que tem o ar mais poluído do país. A questão é quanto se deve às vacas e quanto se deve aos carros a má qualidade do ar. A pesquisa de Mitloehner sugere que as vaas são responsáveis por muito menos dos compostos que contribuem para a poluição do ar por compostos voláteis orgânicos (VOCs) do que se pensava anteriormente – talvez por uma quantia que chegue à metade da que se pensava.
Isto faz com que especialista em qualidade do ar e especialistas em emissões animais fiquem no centro da disputa a ser apresentada no próximo dia 1º, quando o Distrito de Controle da Poluição do Ar do Vale São Joaquim anunciará seus novos fatores de emissões para vacas e a quantidade de VOCs, em gramas, que uma vaca pode liberar por ano. O número irá eventualmente determinar a produção diária, nas fazendas, que deve ser aplicada para permissão da poluição do ar e investimentos em equipamentos que possam minimizá-la.
–Esta é uma decisão multibilionária, não é apenas um número, assinala Mitloehner. Atualmente, os regulamentadores assumem que uma vaca produz 12,8 gramas de VOCs por ano. Mas os regulamentadores, ambientalistas e muitas outras pessoas que fazem parte dessa indústria de US$ 4 bilhões por dia concordam que o atual fator de emissões está baseado em um estudo de 1938, defasado. (ABCNews, 28/7)