Mina de carvão do Iruí (RS) terá aterro sanitário
2005-07-27
O penúltimo passo para instalação do Aterro Sanitário de Resíduos Sólidos Urbanos da Mina do Iruí, em Cachoeira do Sul, foi dado ontem (26/7). Na sede da CRM (Companhia Riograndense de Mineração) foi assinado um contrato de prestação de serviços técnicos especializados com a empresa vencedora da licitação TC/BR Tecnologia e Consultoria Brasileira S.A., que irá elaborar o Eia-Rima (Estudo e Relatório de Impacto Ambiental) do empreendimento para a posterior concessão da Licença Prévia (LP) pela Fepam (Fundação Estadual de Proteção ao Meio Ambiente). O valor do contrato é de R$ 250 mil e o prazo de elaboração do Eia-Rima é de oito meses.
O secretário estadual de Energia, Minas e Comunicações, Valdir Andres, estima que o Aterro Sanitário da Mina do Iruí possa atender cerca de 100 municípios, num raio de 200 quilômetros quadrados, recebendo até 1 milhão de toneladas de lixo ao dia. A proposta é receber e tratar os resíduos sólidos na cava de mineração de 30 hectares existente em Cachoeira do Sul, sem a emissão de gases poluentes na atmosfera. Assim, o projeto pode ser beneficiado com o recebimento de créditos de carbono.
— Esta é a primeira vez que a CRM ingressa fora da sua tradicional área de atuação, o carvão-, destaca o presidente da empresa, João Carlos Vieira. Segundo ele, o objetivo da CRM é auxiliar na resposta para uma das questões que mais aflige os governos hoje, ou seja, o destino do lixo das cidades.
O diretor administrativo da CRM, Carlos Sá Azambuja, afirma que a CRM está empenhada em reverter a imagem consagrada das empresas de carvão, vistas como poluidoras do meio ambiente. — A recuperação da Mina do Iruí irá transformar a imagem da CRM, pois vamos restaurar nosso passivo ambiental preenchendo a cava da Mina do Iruí e tornando o local próprio para receber e tratar os resíduos sólidos urbanos-, ressalta.
O diretor técnico do TC/BR Tecnologia e Consultoria, Francisco Maciel, salienta que este projeto é pioneiro no Rio Grande do Sul na obtenção de créditos de carbono. Em abril, a Secretaria de Energia, Minas e Comunicações e a CRM firmaram um inédito convênio de cooperação com o Instituto Internacional de Ecologia (IIE). O objetivo é criar um Núcleo de Mudanças Climáticas no Rio Grande do Sul, já em tramitação no Governo do Estado, para centralizar a busca de recursos a partir de créditos de carbono propiciados com a vigência do Protocolo de Kyoto.
Vantagens
- Preenchimento da cava existente e solução de problemas ambientais gerados pela mina aberta (tais como: drenagens ácidas, erosão, impacto visual, segurança, entre outros);
- Eliminação de gastos de R$ 1 milhão previstos para a recuperação ambiental da área;
- Solução ambientalmente correta para a destinação de lixo de cerca de 100 municípios;
- Utilização da área para um fim específico e produtivo que traga uma fonte de renda extra para a CRM.
Sobre o aterro sanitário
- População mínima atendida: 200 mil habitantes;
- Recebimento mínimo diário de resíduos: 100 toneladas;
- Volume útil: 1.500.000 m3;
- Vida útil do empreendimento: mais de 30 anos;
- Investimento inicial: R$ 1,2 milhão;
- Receita prevista: R$ 20 a R$ 25 por tonelada de resíduo recebido, mais os créditos de carbono (recursos a fundo perdido como compensação ambiental);
- A cava da Mina do Iruí, que extraiu carvão de 1981 a 1987, possui pouco mais de 30 hecatres em Cachoeira do Sul. (Com informações da Secretaria de Minas e Energia do RS)