Pesticidas podem estar deixando doentes crianças de escolas nos EUA
2005-07-27
Pesticidas utilizados perto de escolas deixaram doentes mais de 2,5 mil crianças e funcionários de
escolas nos Estados Unidos, num período de apenas
cinco anos e, apesar de a maior parte dos casos da
doença ter sido já detectada, seu número aumentou,
conforme um levantamento realizado em nível nacional.
As fontes de contaminação incluem substâncias químicas
utilizadas para matar insetos e pragas em jardins de
escolas, desinfetantes e pesticidas de lavoura que são
levados por correntes nas redondezas das escolas,
segundo relatório dos pesquisadores do Instituto
Nacional para Segurança e Saúde Ocupacional
(NIOSH).
O autor do estudo, Dr. Walter Alarcon, disse que um
dos maiores e mais recentes incidentes registrou-se em
maio, quando cerca de 600 estudantes e funcionários de
uma escola de ensino fundamental tiveram que ser
evacuados em Edinburg, Texas, depois que um pesticida
foi espalhado em uma plantação de algodão próxima,
penetrando através do sistema de ar condicionado da
instituição de ensino. Cerca de 30 estudantes e nove
funcionários desenvolveram sintomas leves de
contaminação, como náusea e dores de cabeça.
O estudo está sendo divulgado a partir de hoje (27/7)
no Jornal da Associação Médica dos Estados Unidos e
cobre eventos ocorridos entre 1998 e 2002, nenhum
deles maior que o reportado com relação à escola do
Texas, disse Alarcon.
Ativistas que buscam reduzir o uso de pesticidas
argumentam que muitos dos comumente utilizados,
incluindo alguns envolvidos no estudo, podem aumentar
o risco de câncer, defeitos de nascimento e danos ao
sistema nervoso. –Os impactos crônicos de longo
prazo da exposição a pesticidas não foram amplamente
avaliados; portanto, os potenciais efeitos crônicos à
saúde da exposição a pesticidas nas escolas não pode
ser ignorado, escreveram os autores da
pesquisa.
A taxa total de doenças por pesticidas em escolas é de
7,4 casos por milhão de crianças e de 27,3 casos por
milhão em empregados desses estabelecimentos,
afirmaram os autores. Segundo Jay Vroom, presidente da
CropLife América, que representa fornecedores de
pesticidas para lavouras, o relatório é alarmista, e
os pesticidas utilizados ao redor das escolas e muito
bem regulado e pode ser gerenciado em um nível capaz
de não oferecer danos razoáveis à saúde. Para Allen
James, presidente do RISE,um grupo e comércio para
fabricantes de pesticidas utilizados em escolas, o
estudo tem falhas porque se baseia em relatórios não
verificados, e os números citados sugerem que os
incidentes são extremamente raros.
Os autores da pesquisa levantaram relatórios dos três
sistemas de vigilância de pesticidas, incluindo uma
base de dados nacional de reclamações de centros de
controle de envenenamento. Eles constataram que 2.593
estudantes e funcionários de escolas desenvolveram
doenças relacionadas com pesticidas nos cinco anos
analisados. Apenas três doenças foram consideradas
severas.
A maioria das doenças foi verificada em crianças. O
número delas afetada a cada ano aumentou de 59 para
104 entre pré-escolares e de 225 para 333 entre
crianças na faixa etária de 6 até adolescentes de 17
anos. – Não penso que queremos alarmar as
pessoas, mas o estudo mostra evidências de que o uso
de pesticidas em escolas não é inócuo e que há
melhores formas de utilizar os pesticidas, disse o
co-autor da pesquisa, Dr. Geoffrey Calvert. Claire
Barnett, do grupo de defesa Rede para Escolas
Saudáveis disse que, no total, há um profundo hiato
porque existem em torno de 54 milhões de crianças em
idade escolar nos Estados Unidos e não há um sistema
abrangente de rastreamento nacional para detectar-se a
contaminação.
Os autores disseram que o estudo não avalia as
necessidades de redução de pesticidas, embora
programas de gerenciamento dessas substâncias, em
última análise, requeiram que as escolas utilizem
pesticidas como último meio e implementem notificação
por escrito. As diretrizes também recomendam que a
disseminação de pesticidas por sprays nas escolas ou
nas vizinhanças delas seja feita somente quando
estudantes e funcionários desses estabelecimentos não
estejam presentes. Leis em 17 estados norte-americanos
recomendam ou requerem das escolas que tenham
programas de gerenciamento do uso de pesticidas,
segundo Jay Feldman, diretor executivo do grupo de
defesa Além dos Pesticidas. A íntegra do estudo pode
ser encontrada nos seguintes endereços JAMA:
http://jama.ama-assn.org; NIOSH:
http://www.cdc.gov/niosh
(Fonte: ABCNews, 26/7)