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2005-07-26
A produtora rural Julie Newman, que coordena a Rede de Produtores Rurais Preocupados da Austrália, recentemente denunciou, em Canberra, durante o Encontro das Mentes, o avanço das lavouras de transgênicos, que está ameaçando a cadeia da agroindústria naquele país. —As lavouras de OGM são a maior ameaça à nossa agricultura industrial, e os líderes industriais não têm o direito de aceitar a contaminação por organismos geneticamente modificados e a sabotagem da indústria em nome dos produtores rurais, assinalou.

Conforme a líder, milhões de dólares vêm sendo investidos por governos na tecnologia de OGM (organismos geneticamente modificados) na esperança de que a área científica esteja bem financiada, mas não há benefícios reais como resultado, e o mercado está ficando cada vez pior. Ela destacou que nenhum governo deveria sacrificar uma indústria viável a fim de sustentar um alto risco, colocando aos agricultores a situação de terem que pagar taxas pelas conseqüências. —Você não acreditaria na sorte se a sua empresa tivesse a aprovação do governo para liberar produtos dos quais não se pode reclamar, de patente auto-replicável e a quem o governo desse a permissão para aumentar os custos, contra os consumidores, desvalorizando os produtos, disse. —Você também não acreditaria se o governo também abrisse exceção contra quaisquer danos que os seus produtos causassem, afirmou. — Por outro lado, imagine quão furioso você ficaria se tivesse um negócio de sucesso que vendesse produtos que os seus consumidores querem quando você descobrisse que o seu governo deu permissão para permitir que seus opositores se tornassem vândalos quanto ao seu mercado, deixando seus produtos com menor capacidade de venda, de modo que você tivesse que dar uma proporção de seu baixo lucro para permitir que isso ocorra, acrescentou.

Newman questiona: —Esta prática anticompetitiva não acontece em nenhum outro mercado, então por que com as lavouras GM é tão diferente? Os produtores rurais, prosseguiu, não devem ser tão espertos para querer evitar a rejeiçao do mercado. Se os produtores rurais que não aderiram aos OGM não querem a contaminação por sementes geneticamente alteradas, não há forma de prevenir isto, forma prática ou econômica de detectar a presença de OGM, de removê-los, então por que eles seriam responsáveis pelos danos econômicos que causam?

Conforme a líder rural, já existe no país a canola australiana não contaminada geneticamente e a modificada, e todos estão correndo ao redor e dizendo que esta última é a parceira certa, mas esperando que os produtores rurais paguem a conta. — Os agricultores não vão aceitar o endividamento pelas perdas econômicas causadas pelas lavouras de OGM, não queremos e não precisamos, e esta questão precisa ser resolvida como matéria urgente, assinalou. —Quem está endividado por erros ou por promoções enganadoras? A canola geneticamente modificada foi promovida para parecer ter mais qualidades que a comum, de tecnologia genética simples, por lhe conferirem resistência química, e tem havido muitos ataques sobre quem prefere alternativas não geneticamente modificadas, atesta Newman.

De acordo com a líder rural, — vamos ter apoiadores a favor de podutos geneticamente modificados sacudindo a bandeira e clamando qualquer tipo de vantagem desde alto rendimento até tolerância à seca, mas as evidências de um desempenho adverso estão suprimidas, e julgamentos independentes foram negados.

— Vimos como o suposto debate informado levou ao risco da ignorância, da banalização, ou abrandou os fatos, e o gerenciamento de riscos proposto tornou-se inadequado e levou a uma indústria com pobre suporte político, disse Newman.

Newman observou que a produção é dirigida pelo mercado, o que significa que não são os produtores que ditam os mercados, são os mercados que ditam aos produtores. Os mercado estão demandando produtos não geneticamente alterados e isso significa sem transgênicos. —Não significa contaminados com 1%, o que dispararia o selo GM, nem 2%, o que é o mesmo tipo de grão, frisou. A Associação dos Produtores Rurais Preocupados de Canberra confirmou que, legalmente, nenhum ser geneticamente modificado é aceito em produtos não rotulados como GM.

Uma outra imposição denunciada pelos produtores de OGM, conforme a produtora rural, é a imposição de planos de coexistência nos quais tanto plantadores de sementes não OGM quanto de sementes geneticamente alteradas percam seus direitos de replantar suas próprias sementes, mesmo que os produtores de sementes não OGM devam comprar novas sementes todos os anos. O custo adicional para cada produtor fica em torno de US$ 300 mil, individualmente. O manifesto dos agricultores australianos contra os OGM pode ser lido na íntegra no seguinte endereço: http://www.gmwatch.org/archive2.asp?arcid=5507 (Fonte: GM Watch, Austrália, 25/7)

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