Piqueteiros repudiam Águas Argentinas por possível alta de tarifas
2005-07-26
Piqueteiros do agrupamento Martín Fierro e do Frente Barrial 19 de Dezembro realizaram ontem (25/7) uma maifestação em frente à sede centra da empresa Águas Argentinas para repudiar um possível aumento de tarifas, uma vez que denunciara, manobras especulativas e extorsivas da privatizada, no marco da renegociação de seu contrato com o governo. As organizações foram as mesmas que já participaram do boicote da petroleira Shell.
Por volta das 11h45min, os manifestantes concentraram-se em frente ao edifício de Córdoba e Riobamba e cubriram a frente do prédio com uma bandeira argentina de uns 100 metros, na qual se podia ler: –Não ao aumento de tarifas. Estatização da empresa.
O protesto, para o qual os piqueteiros cortaram a metade dos trens da Avenida Córdoba, estendeu-se até após as 14h30min. Os empregados das oficinas da Águas Argentinas não tiveram problemas para entrar no prédio, pois a entrada de Riobamba, por onde têm acesso, permaneceu livre durante todo o manifesto. O dirigente Nahuel Beibe assegurou que o objetivo é exigir que se estatize a empresa para que a população não seja extorquida com o aumento de tarifas e a falta de infra-estrutura.
– Trata-se das mesmas empresas que, nos anos 90, favoreceram-se com milionárias cifras que giraram em seus países de origem, como é o caso da França e que pretendem continuar com o esvaziamento do país, às custas da fome e do empobrecimento do povo argentino, destacou.
O ministro da Planificação, Júlio De Vido, assegurou que o governo está tratando de alcançar um acordo com a Águas e confirmou que, no transcurso dessa jornada, a concessionária vai receber uma nova proposta do Executivo. –Vejo predisposição de a empresa para seguir buscando um ponto de coincidência que permita renegociar seu contrato, disse o ministro em Santiago del Estero, onde acompanhava o presidente Néstor Kirchner.
Embora se espere que a concessionária comunique sua decisão até amanhã (27/7), é provável que uma resposta concreta dos franceses demore alguns dias para chegar. Existe uma pressão da empresa pelo aumento das tarifas, e o governo não quer tratar do assunto antes de 2006. Por causa dessa mesma discussão, o grupo francês Suez, um dos donos da empresa, decidiu abandonar a concessão de Águas de Santa Fé, que passará para as mãos do grupo local Emgasud. Os sócios da Águas Argentinas são o grupo francês Suez (39,93%), Águas de Barcelona (25%), Banco de Galicia (8,26%), Vivendi (7,55%), Anglian Water (4,25%), Corporación Financiera Internacional (CFI) (5%) e 10% pertenecem ao Programa Propiedade Participada (PPP) dos trabalhadores. (Clarín, 25/7)