Programa expande pesquisa sobre Oceano Atlântico
2005-07-26
O Programa Pirata ou Pilot Moored Array in the Tropical Atlantic, que reúne cientistas e colaboradores do Brasil, Estados Unidos e França, para estudar as interações oceano-atmosfera no Atlântico Tropical e os impactos na variabilidade climática regional, ganha reforço nos próximos meses. – Estamos saindo da primeira fase do novo patamar – confirma Geraldo Ferreira, gerente do departamento de Meteorologia da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), baseado em Fortaleza, em referência à expansão do projeto.
O Pirata, iniciado em 1997, envolve a manutenção e operação de uma rede de dez bóias meteorológicas e oceanográficas do tipo Atlas – cinco de responsabilidade brasileira e 5 da França – ancoradas em pontos estratégicos do Atlântico tropical, para efetuar medições oceânicas da superfície, até 500 metros de profundidade, e da temperatura, em 10 níveis.
Munidas de sensores, as bóias coletam dados como de radiação solar, precipitação, vento, temperatura do ar, da água, salinidade e pressão, transmitindo as informações, via satélite, para centros de pesquisas nos três países. – Mas o mundo pode ter acesso a esses dados, também via internet – adianta Ferreira, ao acrescentar que o monitoramento da temperatura da superfície permite identificar se o ano será normal, seco ou chuvoso. As informações colhidas podem subsidiar ainda pesquisas nas áreas de gerenciamento dos recursos hídricos, planejamento de atividades agrícolas, previsão de surtos epidemológicos relacionados com as chuvas além de outros setores.
Nesta nova etapa, a meta é colocar, ainda em agosto, mais 3 bóias no sul do Brasil, a cerca de 300 Km da costa. A expansão prevê ainda a instalação de outras duas unidades no sul do Equador, perto da costa da África, e 3 ou 4, no norte, a partir de 2006, informa o pesquisador francês Jacques Servain, envolvido no projeto e há cerca de três anos no Brasil. Cada nova unidade ancorada no oceano representa investimento em torno de US$75 mil e a manutenção cerca de US$20 mil por ano, incluindo troca de sensores, entre outros serviços. O valor não contempla os custos de navio e equipe de bordo, que depende de cada país e do tipo de embarcação. A proposta de expansão vai ser analisada pelo Comitê Científico Internacional do Pirata, com reunião marcada de 12 a 14 de outubro, em Toulouse, na França, para avaliação geral dos resultados e definição de novos rumos do programa. (GM, 25/7)