Acampamento impede início de barragem no Sul
2005-07-25
Os atingidos pela barragem de Foz do Chapecó estão acampados há dois meses no local onde está prevista a construção do canteiro de obras, no Rio Uruguai. O acampamento se localiza na comunidade de Volta Grande, em Alpestre/RS, na divisa com Santa Catarina.
São acionistas do Consórcio Foz do Chapecó, responsável pela barragem, a Companhia Paulista de Força e Luz/CPFL (40%), Vale do Rio Doce (40%) e CEEE do RS (20%). As empresas já têm a Licença Prévia (LP) e a Licença Ambiental de Instalação (LAI). Ambas foram emitidas pelo Ibama, consecutivamente em 12 de dezembro de 2002 e 21 de setembro de 2004.
Segundo as lideranças do Movimento dos Atingidos por Barragens/MAB, Foz do Chapecó é a usina de maior impacto social em construção na América Latina. Três mil e 500 famílias serão atingidas diretamente. São aproximadamente 15 mil pessoas que vivem nas 115 comunidades dos 15 municípios, oito deles são catarinenses e sete gaúchos. — Essa barragem vai trazer a maior desgraça social para a região e nós estamos acampados para impedir que isso aconteça-, diz Pedro Melchiors, liderança do MAB na região.
Os atingidos denunciam que assim como aconteceu nas barragens de Barra Grande e Campos Novos, no sul do país, o consórcio cria comissões submissas às empresas e de forma falsa e indutiva justifica e considera um processo participativo na elaboração de acordos para remanejamento dos atingidos. — A empresa não reconhece os atingidos organizados no Movimento e não estabelece nenhuma relação conosco-, afirma a liderança.
Várias entidades visitam o acampamento. Representantes do Conselho Indigenista Missionário, da Comissão Pastoral da Terra, deputados e movimentos sociais se agregam à luta dos atingidos. Na última semana, a igreja de Chapecó/SC esteve no local celebrando junto com os acampados para motivá-los a permanecerem lutando por justiça. — Para nós o acampamento é a única forma de garantir o que é nosso: a terra, o rio, a nossa cultura. Permaneceremos acampados para impedir o início da obra. É a nossa vida que está em jogo-, conclui Melchiors. (Com informações do MAB)