Países devem estar preparados para pandemia de gripe, diz OMS
2005-07-25
A Organização Mundial da Saúde (OMS) reafirmou nesta sexta-feira sua convicção de que a comunidade internacional deve estar preparada para uma possível pandemia de gripe. A nova responsável da agência de saúde da ONU para o assunto, Margaret Chan, disse: –É a primeira vez na história que recebemos tantos indícios e sinais de alerta da natureza de que uma pandemia
de gripe é possível, mas não certa. Chan disse que, se os países estiverem preparados para enfrentar a ameaça, o impacto será menor em termos de
contaminação, mortalidade e conseqüências econômicas.
A principal preocupação da OMS é que a gripe aviária, que atingiu vários países asiáticos e matou 50 pessoas, possa se combinar com a variante da gripe humana e começar a passar de pessoa para pessoa. Nos últimos dias, foi confirmada a morte de três pessoas na Indonésia em conseqüência da gripe aviária, e houve a descoberta de novos focos na Tailândia e na Rússia.
Sobre os riscos de uma pandemia de gripe humana, Chan disse que
até agora existem duas das três condições necessárias para que o
fenômeno aconteça: a presença de um novo vírus (de gripe aviária, o
H5N1) e capacidade de transmissão para as pessoas.
–A terceira condição, que ainda não aconteceu, é que haja uma transmissão crescente entre seres humanos, disse. –É preciso ser muito agressivo em termos de pesquisa em cada caso humano que aparecer para ter certeza de que é um fato isolado e que (o vírus) não se propagará, assinalou a especialista da OMS. Segundo Chan, é preciso ficar atento para descobrir qualquer sinal de transmissão de pessoa a pessoa.
A especialista disse que os governos devem manter a população informada sobre os fatores de risco da gripe aviária, como a venda de aves de todo tipo nos mercados, o que oferece um ambiente favorável para a mutação do vírus.
–Considerando a mais recente evolução do vírus aviário, todos os países devem tomar medidas de prevenção, disse a especialista. Chan rejeitou as críticas contra a OMS por dedicar recursos na preparação para uma pandemia que provavelmente não virá, em vez de investir em outras prioridades, como a luta contra a Aids ou a poliomielite. Sobre esta questão, a especialista da OMS reconheceu que é uma decisão financeira difícil, mas defendeu a escolha
dizendo que se a pandemia surgir ninguém poderá detê-la, e que a
prevenção deve ser reforçada principalmente agora, quando o vírus chegou
ao ser humano.
A última pandemia de gripe, em 1968, surpreendeu todo o mundo
porque a tecnologia da época não permitiu fazer o que se devia antes. Por isso, Chan disse que ninguém pode dizer que as medidas de vigilância atuais são inúteis. A especialista afirmou que a chegada do inverno no hemisfério
norte é um risco a mais, porque aparecem os casos de gripe sazonal e
a variante do vírus humano pode se combinar mais facilmente com a
aviária. (Agência EFE, 22/7)