Índice Sustentabilidade Empresarial vai nascer entre discussões
2005-07-22
O Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) a ser lançado pela Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) no final deste ano já está cercado de discussões. Um dos integrantes do conselho do ISE, o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas ( Ibase), retirou-se do grupo em abril por discordar de um dos critérios de composição. O ISE vem sendo formulado há dois anos, para oferecer ao mercado um indicador de companhias com desenvolvimento sustentável, além de estimular a responsabilidade corporativa. Considera aspectos de governança corporativa, eficiência econômica, equilíbrio ambiental e justiça social.
O superintendente de operações da Bolsa, Ricardo Pinto Nogueira, explicou que o Ibase saiu por não concordar com a possibilidade de inclusão, no ISE, de companhias que oferecem produtos considerados de risco à saúde, como Souza Cruz (fumo) e AmBev (bebidas alcoólicas). O Ministério do Meio Ambiente também discordou da inclusão, mas permanece no conselho. O assunto vem causando polêmica desde o início dos trabalhos.
O coordenador do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (FGVces), Rubens Mazon, disse que o conselho optou por não excluir de imediato estas companhias. Ele lembrou que, nos Estados Unidos, há dois indicadores de sustentabilidade e que um deles inclui os setores de risco. -Uma corporação que oferece um produto considerado de risco pode ter vários pontos positivos em outras áreas, como a de governança corporativa, ambiental ou social. O FGVces é o responsável técnico pelo indicador.
O conselho do Índice está colocando em audiência pública, de hoje a 22 de agosto, o questionário que será enviado às empresas candidatas. No próximo dia 10 haverá um evento aberto ao público, na sede da FGV, em São Paulo, para debater o assunto. A i déia é lançar o índice em 1.º de dezembro próximo. O ISE terá revisão anual e contará com até 40 empresas. O peso de cada ação será ponderado pela quantidade de papéis no mercado, critério conhecido como free-float. O conselho do índice é composto por associações de previdência complementar (Abrapp), analistas de investimento (Apimec) e bancos (Anbid). Há ainda os institutos de governança corporativa (IBGC), Ethos e International Finance Corporation (IFC ), além da Bovespa e do Ministério do Meio Ambiente. (O Estado de São Paulo, 21/07)