Como os indígenas da região das Missões querem ser retratados nas salas de aula quando a cultura deles é apresentada? A pergunta orientará um dos dois projetos gaúchos selecionados pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) para receber recursos do programa Criança Esperança, da Rede Globo.

Coordenado pelos professores Antônio Dari Ramos e Losandro Tedeschi, do campus de Santo Ângelo da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI), o projeto deverá culminar com a elaboração de material didático e pedagógico para ser utilizado por professores no ensino sobre as comunidades indígenas.

- Vamos ouvir os grupos étnicos para fazer os materiais. Geralmente as escolas trabalham uma visão romântica do indígena. Na semana do índio, as crianças voltam para casa com o rosto pintado e penacho na cabeça. Mas será que é isso que faz o indígena ser indígena? - questiona Ramos, também coordenador dos cursos de História e Geografia do campus de Santo Ângelo.

O trabalho destina-se a professores, crianças e adolescentes da rede pública, indígenas e universidades. No Brasil, foram 40 trabalhos selecionados. No Estado, o outro escolhido é o da Associação de Juízes do Rio Grande do Sul (Ajuris), em Porto Alegre. O projeto de Santo Ângelo receberá R$ 100 mil. Na primeira semana de agosto, ocorre o lançamento. O trabalho está na fase do diálogo com as comunidades de guaranis e caingangues. (ZH, 22/07)