Análise da Vegetação de ARIE Cerrado Pé-de-Gigante (Santa Rita do Passa Quatro, SP)
2005-07-22
Resumo: No presente trabalho, estudamos uma área de vegetação natural, composta principalmente por cerrado, com 1269 ha, situada no munícipio de Santa Rita do Passa Quatro, estado de São Paulo (21 36-44 S e 47 34-41 W). O levantamento florístico da área foi efetuado em 18 excursões de coleta mensais, com duração de 3 ou 4 dias cada, entre setembro de 1995 e fevereiro de 1997. Em cada uma das formações e fisionomias de cerrado existentes (cerradão, cerrado sensu stricto, campo cerrado, campo úmido, mata ciliar, floresta estacional semidecídua), o material em fase florífera ou frutífera ou de formação de esporos foi coletado e, posteriormente, prensado e identificado em nível específico. Coletamos 1944 exsicatas, representando 499 espécies, 317 gêneros e 107 famílias. As famílias que se destacaram foram: Asteraceae, Fabaceae, Poaceae e Rubiaceae. A comparação das formações e fisionomias de cerrado através de índice de similaridade ressaltou a unidade florística do cerrado. Para auxiliar a identificação das espécies coletadas, construimos chaves baseadas em caracteres vegetativos para as formações de cerrado sensu lato, campo úmido, mata ciliar e floresta estacional semidecídua. Para estudar a estrutura da comunidade vegetal, lançamos aleatoriamente parcelas nas fisionomias de cerrado e na floresta estacional semidecídua, cujos tamanhos e critérios de inclusão foram diferentes em função de variações no componente lenhoso.
A biomassa, estimada pelo volume cilíndrico total, aumentou do campo cerrado à floresta estacional semidecídua, com valores intermediários no cerrado sensu stricto e no cerradão. O cerrado, em suas três fisionomias, apresentou não só grande diversidade alfa, como também altas diversidades beta e gama. A partir dos dados do levantamento florístico, estudamos as variações fenológicas das espécies, procurando analisá-las como estratégias adaptativas. A proporção de espécies anemo e autocóricas foi maior no componente herbáceo-subarbustivo, ao contrário das zoocóricas, mais freqüentes no componente arbustivo-arbóreo. As espécies arbustivo-arbóreas floresceram principalmente no início da estação chuvosa, enquanto que as herbáceo-subarbustivas produziram flores, de modo geral, apenas no final da estação úmida, após período de acúmulo de carboidratos. A proporção de espécies anemo e autocóricas em frutificação foi maior na estação seca, quando sua dispersão é mais eficiente. Já as espécies zoocóricas frutificaram principalmente durante toda a estação quente e chuvosa, quando seus frutos carnosos podem se manter atraentes por mais tempo.
Instituição: Universidade de São Paulo (USP).
Autor: Marco Antonio Portugal Luttembarck.
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