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2005-07-21
Quando se fala em gestão ambiental, logo se pensa na indústria que, por força da legislação ou por posicionamento estratégico, foi o primeiro setor a investir em tecnologias de prevenção da poluição, reciclagem de resíduos e certificações, entre outros requisitos ambientais. Agora, os sistemas de gestão ambiental já começam a ser incorporados por empresas do setor de serviços, como de alimentação, lavanderias e até shopping centers, que apostam no cuidado ambiental como diferencial competitivo. É o caso da Atta, marca premium de restaurantes empresariais do grupo franco-inglês GRSA, que acaba de receber a certificação ambiental ISO 14001 para dois restaurantes que prestam serviços de alimentação para a indústria de cosméticos Natura. A pedido da empresa, que solicitou aos fornecedores que procedessem com a certificação, a Atta se adaptou aos requisitos de gestão ambiental da norma em cerca de oito meses, para os restaurantes sediados na fábrica da Natura (Cajamar) e no centro de distribuição da empresa (Itapecerica da Serra).

Os resultados da gestão ambiental já podem ser percebidos na redução do desperdício de alimentos e no consumo de água que, na unidade de Itapecerica, já chega a 30%. Houve diminuição ainda no volume de resíduos encaminhados a aterros, da ordem de 19%, e no consumo de óleo, que caiu 50%. - A redução do desperdício torna a empresa mais competitiva e os funcionários mais motivados a contribuir com sugestões - afirma a diretora regional da Atta, Regina Belelli.

A Atta administra 80 restaurantes em todo o Brasil e deverá adotar os procedimentos com outros clientes empresariais, como BankBoston, Itaú e Unilever. - É um diferencial que já começa a ser percebido pelos bons clientes e, em breve, será uma cobrança do mercado, diz Regina. - A empresa que não considera o aspecto ambiental está atrasada.

O mesmo raciocínio pontua a atuação do grupo Sonae Sierra e sua holding Sonae Sierra Enplanta, responsáveis pela construção e gestão de shopping centers. O grupo português, que atua em diversos segmentos - de extração de madeira a logística e distribuição - lançou, ainda na década de 1990, o desafio para que cada uma das atividades tivesse uma política de atuação ambiental. No caso dos shopping centers, itens como o consumo de água e energia elétrica e a produção de resíduos eram os pontos sensíveis.

- Descobrimos que o impacto ambiental de um shopping center é semelhante ao de uma residência, só que em uma escala muito maior, diz Elizabeth Morita, supervisora de meio ambiente corporativo da Sonae Sierra. Para minimizar esses impactos, a saída foi incorporar soluções ambientais já na fase de projeto dos shoppings, a exemplo do Parque D. Pedro, em Campinas, e do Boa Vista, em São Paulo, concebidos com sistemas inteligentes para economia de água e energia elétrica e gestão dos resíduos gerados.

- É um processo de melhoria contínua, que também é estendido para os empreendimentos mais antigos do grupo, explica Elizabeth. Os requisitos ambientais incluem coleta seletiva, controle de ruídos, da qualidade do ar dos sistemas de ar condicionado e também dos efluentes que são lançados no meio ambiente. No caso do shopping Parque D. Pedro, foi construída até uma estação de tratamento de esgoto (ETE) própria, que evita que a poluição seja lançada diretamente no córrego próximo ao shopping e ainda garante o reaproveitamento da água tratada nas descargas sanitárias e na lavagem dos pisos externos.

A Atmosfera, empresa que presta serviços de lavanderia e higienização têxtil para indústria, hospitais, hotéis e restaurantes, aposta no correto gerenciamento dos resíduos e no reúso de água como diferenciais. A empresa é fruto da união de quatro empresas que já atuavam no segmento - Acqualimp, Tillimpa, Astral e Central Lav -, com aporte do fundo de participação americano Advent International. Uma das frentes de atuação da empresa é a locação e higienização de uniformes usados no chão-de-fábrica e que ficam impregnados de resíduos industriais, como graxas, óleos e tintas. Após a lavagem, esses resíduos são encaminhados para destinos corretos, como aterros especiais. - É uma tendência mundial evitar que os trabalhadores levem os resíduos do ambiente de trabalho para casa, diz Paulo Barreto, diretor da Atmosfera.

A empresa também mantém bons índices de reaproveitamento de água, em torno de 70%, e está construindo uma nova planta que deverá tornar esse processo ainda mais eficiente. - Quem não se adequar aos sistemas de gestão ambiental, sairá do mercado, diz Barreto. (O Estado de S. Paulo, 20/07)

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