SBPC: queimadas são questão de urgência
2005-07-21
No Brasil, 77% das emissões dos gases de efeito estufa são causadas por queimadas. Apenas esse dado serve de base para que a comunidade científica e o governo federal se conscientizem de um fator importante: a melhor forma de prevenir o aquecimento global é a adoção de políticas públicas que consigam diminuir o desmatamento.
A afirmação é do físico Luiz Pinguelli Rosa, secretário executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, dirigido atualmente pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. - Só o desmatamento na região amazônica é responsável por 70% dos gases de efeito estufa. Esse é o maior problema brasileiro sob o ponto de vista das mudanças climáticas -, disse em seminário 57ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Fortaleza, que abordou os impactos regionais das variações climáticas globais, na tarde de terça-feira (19/7). - É impossível manter a Amazônia intocável, mas devemos combater o desmatamento de forma mais severa, senão os prejuízos para o futuro serão incalculáveis. É preciso mobilizar o exército brasileiro nas regiões mais críticas. Com essa fiscalização, seria possível aplicar vários tipos de punições para os grupos que desmatarem -, disse Pinguelli, que também é professor da Coordenação dos Programas de Pós-Graduação de Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O pesquisador apontou uma possível solução para a questão. Trata-se de uma proposta encaminhada ao governo federal para que o Brasil estabeleça metas de redução do desmatamento como forma de diminuir as emissões de dióxido de carbono. - Além de evitar a destruição da floresta, o objetivo é promover a redução da emissão de poluentes que ameaçam mudanças globais drásticas no clima da Terra em um futuro próximo -, afirmou. O assunto será abordado na próxima reunião dos países do G8, marcada para setembro, que será dedicada ao tema das mudanças climáticas. Para Pinguelli, a proposta brasileira pode ser um importante passo para um acordo global de desflorestamento.
- Por enquanto, não temos um número que represente o quanto seria possível deixar de desmatar. O que temos é um princípio que será debatido com o governo. A principal meta é adotar políticas que consigam desestimular as queimadas no país por razões econômicas -, disse Pinguelli à Agência FAPESP. (Agência FAPESP, 20/07)