Ibama libera resgate de espécies em Barra Grande
2005-07-21
Por Carlos Matsubara
O consórcio Baesa já pode começar a fazer o resgate de 30 mil espécies que seriam afogadas pela Hidrelétrica de Barra Grande, na divisa de Santa Catarina com o Rio Grande do Sul. O Ibama anunciou a liberação em uma reunião realizada na terça-feira (19/07) com a presença da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e de ONGs ambientalistas.
Entre os indivíduos que serão retirados e replantados no remanso do lago formado pela usina está a bromélia Dychia distachya . Segundo botânicos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a espécie só existe no Brasil, e na região a ser alagada.
Na avaliação de Miriam Prochnow, coordenadora da Rede de ONGs da Mata Atlântica, e que esteve presente à reunião, a medida é inócua porque estes indivíduos replantados em outro local não terão uma reprodução natural. A ambientalista lembra de outros casos parecidos, como nas construções das hidrelétricas de Itá e Machadinho, quando também foi feito o tal resgate e as espécies não conseguiram se reproduzir.
— Elas têm uma reprodução vegetativa próxima ao indivíduo-mãe, ao contrário da reprodução pelas sementes, modo como é feito pela natureza-, explica. Conforme a ambientalista, o órgão ambiental teria cometido um erro de avaliação nesse caso. — O Ibama imagina que isso seja suficiente-, pondera ela ao lembrar que o Brasil está ferindo o Princípio da Precaução da Convenção Internacional da Biodiversidade assinado durante a ECO 92. — Em março do ano que vem, teremos um encontro internacional da Convenção, imagina que triste explicar o desaparecimento dessa espécie-, lamenta.
A boa notícia é que o juiz da Vara Ambiental de Florianópolis, Jurandi Pinheiro, está formando uma comissão para acompanhar o processo de retirada dos indivíduos e também da criação do Banco de DNA formado pelo geoplasma de quase 1 milhão de araucárias para seu replantio em uma área equivalente.