Agricultura ecológica une jovens dos países do Cone Sul
2005-07-21
Cerca de 70 jovens representantes de entidades agrícolas do Brasil, Uruguai, Paraguai e Argentina se reuniram de 30 de junho a 2 de julho, em Montevidéu (Uruguai), para o 1º Encontro de Jovens Rurais e Agroecologia. Entre eles, Mauro Alves e Alcir José da Silveira, da Associação de Jovens Agricultores Ecologistas (Ajae), e Dirceu Weber e Marianne Sehn, da Associação de Jovens Ecologistas de São Martinho (Ajesma). Os jovens participaram do evento a convite da organização não-governamental Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor (Capa), principal parceiro das Associações desde sua fundação. Mauro e Alcir são alunos formados na primeira turma do Cedejor-Rio Pardo (no núcleo que ocupava a Casa Jesus Maria José), em 2004, e Dirceu Weber e Marianne Sehn, egressos da turma do Cedejor-Santa Cruz do Sul.
Organizado pelo Movimento de Agroecologia da América Latina (Maela), juntamente com o Foro Juvenil de Montevidéu, o encontro propiciou um espaço para troca de experiências da agricultura ecológica entre os jovens do Cone Sul. As entidades que representavam os quatro países participantes falaram da importância do jovem no meio rural, e apresentaram experiências e trabalhos agroecológicos realizados em seus respectivos países de origem, divididos em quatro subtemas: biodiversidade, soberania alimentar, participação cidadã e mercados locais.
A idéia de realizar 1º Encontro de Jovens Rurais e Agroecologia surgiu em janeiro deste ano no Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, onde estiveram reunidas instituições que fazem parte da Maela como o Capa, responsável, em Santa Cruz do Sul, pela capacitação dos jovens da Ajae. - Uma das principais causas do abandono do campo é a falta de perspectiva dos jovens que não querem seguir a agricultura convencional feita por seus familiares. Por isso, é extremamente importante que eles conquistem seu próprio espaço e se tornem protagonistas dentro da comunidade em que fazem parte -, afirma Jair Staub, agrônomo do Capa.
O jovem Mauro acredita que encontros como esse são extremamente importantes para a prática da agricultura ecológica. - Conhecendo outras experiências, entendemos nossos próprios erros e aplicamos o conhecimento compartilhado em melhorias dentro de nossas propriedades. Jair concorda: - a troca de experiências e culturas é extremamente enriquecedora para os jovens, que passam a enxergar o meio rural como seu próprio espaço.
Além do trabalho de suporte desenvolvido desde julho de 2003 com os jovens da Ajae, que vai da organização à comercialização dos produtos, em janeiro deste ano, alguns representantes da Ajesma começaram a freqüentar as reuniões do Conselho da Cooperativa Regional de Agricultores Familiares Ecologistas, na qual o Capa presta assessoria. E alguns dos resultados já podem ser observados a partir dessa semana com a venda de produtos derivados da agricultura familiar ecológica cultivados nas propriedades de jovens da Ajesma, em uma feira organizada pelo Capa. Serão comercializados frutíferos, geléias, sucos, mel, palmeira real, vinho, panifícios, banana, amendoim, batatinha, batata-doce, chuchu, derivados do leite, flores e compotas. A Ajesma passa a participar das feiras ecológicas, sempre às quintas-feiras, das 7 horas às 12 horas. (Página Rural, 20/07)