Meio ambiente na encruzilhada em MT
2005-07-20
A partir do Termo de Cooperação Técnica alinhavado na semana passada pelo governador Blairo Maggi com a ministra de Meio Ambiente, Marina Silva, para ser implementado pelo Ibama e Secretaria de Meio Ambiente (Sema), ou Mato Grosso reordena a questão ambiental ou mergulha num nebuloso ciclo de desobediência civil com desfecho imprevisível.
Transcorrido um mês e meio da Operação Curupira, que revelou um gigantesco esquema de desmatamento, beneficiamento e transporte irregular de madeira, que resultou em dezenas de prisões e no indiciamento de quase 200 envolvidos, Mato Grosso fecha o cerco aos crimes ambientais e lança uma política que permitirá o exercício da atividade madeireira sem comprometimento do meio ambiente. Com imagens de satélites em tempo real que lhes serão repassadas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) Ibama e Fema fiscalizarão o trabalho madeireiro. Nenhuma ação irregular de grande porte passará despercebida e toda vez que se tentar desmatamento clandestino ou além do estipulado, tal aventura será abortada.
O poder de fogo que Ibama e Sema ganham a partir do compartilhamento de seus bancos de dados e das operações de fiscalização por seus agentes agrada em cheio os que trabalham legalmente com a madeira, mas só de ouvir falar dessa mudança madeireiros que teimam em burlar a lei já sentem enjôo. Com o Termo de Cooperação Técnica Mato Grosso revelou sua preocupação ambiental e saiu em defesa do empresariado que não se envolve com os crimes contra a natureza. O problema será reeducar o madeireiro acostumado a agir impunemente.
Apesar do acordo com Blairo Maggi, Marina Silva não desistiu da proposta de decretação da moratória com vigência de um ano para conter o desmatamento nas florestas em Mato Grosso, que lhe foi apresentada pelo interventor do Ibama no Estado, Elielson Ayres. Essa decisão somente não teria sido tomada ainda porque a assessoria jurídica da ministra não teria encontrado uma brecha na legislação para ampará-la. A regulamentação da atividade madeireira provocará demissões, mas isso não faz o Ibama refluir. Elielson cita um exemplo para fundamentar o aperto da tarraxa em torno dos madeireiros irregulares: - se numa cidade existissem cinco agência de automóveis que gerassem empregos e com algumas delas trabalhando com carros roubados, e a polícia as desmantelasse, haveria desemprego, mas seriam demitidos somente aqueles que prestassem serviço aos ladrões. Assim é com o Ibama, que em nome de geração de emprego não pode acobertar crimes contra a natureza.
Madeireiros se dividem sobre a regulamentação do setor. Em Juara, um dos líderes dos protestos realizados nos dias 11 a 13, contra as ações do Ibama, Jair Medeiros, disse a uma rádio local, que programa um Dia do Fogo, para arder a Amazônia, chamar a atenção dos Estados Unidos e exigir a volta do desmatamento. Ontem, Jair não foi localizado pela reportagem para falar sobre o assunto.(Amazônia.org.br, 19/07)