Para Emater/PR, produtor teme plantar transgênico
2005-07-20
Nem 10% dos 116 mil produtores paranaenses deverão plantar soja com sementes transgênicas na safra 2005/06. A projeção é da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Paraná (Emater-PR), com base em levantamento feito no campo. O estudo revela que os produtores estão apreensivos com os custos da semente.
Mesmo assim, a produção de soja transgênica no Paraná deve superar o volume de um milhão de toneladas na próxima safra de verão que começa a ser plantada em outubro, previu o assessor econômico da Federação da Agricultura do Paraná (Faep), Carlos Augusto Albuquerque. Segundo Albuquerque, se 10% dos produtores plantarem a semente transgênica, o volume previsto será atingido facilmente.
Albuquerque prevê problemas mais sérios para o escoamento da produção. Este ano só não ocorreram problemas nos embarques no Porto de Paranaguá porque o volume produzido de soja transgênica no Paraná foi pequeno, e por isso, desviado para outros portos. Além disso, o volume de soja exportado está 20% inferior ao de outros anos, por causa da estiagem que quebrou parte da produção.
O representante da Faep reconheceu que a semente de soja transgênica está cara. Segundo Albuquerque, a entidade fez o seu papel que é o de garantir a liberdade de plantio ao produtor e inibir qualquer tipo de pressão. - Agora é o produtor que deve decidir se quer plantar a semente transgênica ou não -, afirmou.
Este ano, o produtor está enfrentando o problema da descapitalização porque a produção anterior quebrou e os preços da soja estão ruins. Por isso, muitos podem até plantar a semente Maradona de soja transgênica clandestinas ou então alguns produtores vão plantar grãos que guardaram da safra passada, disse Albuquerque. A Monsanto, empresa detentora da tecnologia de sementes transgênicas firmou um acordo com a Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem), que reduziu o custo dos royalties de R$ 0,88 para R$ 0,74 por quilo de semente. O acordo é válido para a safra 05/06. Conforme foi firmado, as multiplicadoras brasileiras pagarão à multinacional por quilo de semente vendido, recebendo 25% do valor total arrecadado como pagamento pela prestação do serviço, taxas e impostos.
Para o presidente da Abrasem, Ywao Miyamoto, a Monsanto atendeu as solicitações das distribuidoras de sistema, beneficiando toda a cadeia produtiva. Segundo o gerente de Negócios de Soja da Monsanto, José Carlos Carramate, a empresa definiu o valor da tecnologia com base nos benefícios que ela tem proporcionado aos agricultores. O diretor da Monsanto disse ainda que segundo estudos realizados por diversas instituições de pesquisa, além dos relatos dos próprios sojicultores, o uso da tecnologia Roundup Ready na soja proporciona importantes ganhos, principalmente em função da redução do uso de agroquímicos e facilidade de manejo. (Página Rural, 19/07)