Academia Brasileira de Ciências assina manifesto sobre mudanças climáticas
2005-07-20
A Academia Brasileira de Ciências (ABC) assinou, em junho, um manifesto que conclama os países, em especial os que fazem parte do G8, que estiveram reunidos recentemente na Escócia, a terem atitudes concretas em relação às mudanças climáticas.
Royal Society of Canada, Chinese Academy of Sciences, Académie dês Sciences (França), Deutsche Akademie der Naturforscher Leopoldina (Alemanha), Indian National Science Academy (Índia), Accademia Nazionale dei Lincei (Italy), Science Council of Japan (Japão), Royal Society (Inglaterra) e National Academy of Sciences (Estados Unidos) também assinam o documento.
O manifesto alerta para o fato de que há agora forte evidência de um significativo aquecimento global. Tal evidência hoje seria sustentada por fenômenos como aumento dos níveis médios dos oceanos, retraimento de geleiras, e mudanças em diversos sistemas físicos e biológicos. - É provável que a maior parte do aquecimento das últimas décadas possa ser atribuída a atividades humanas. Este aquecimento já levou a mudanças no clima da Terra, destaca o documento.
As estimativas para o futuro não são otimistas: de acordo com o Painel Intergovernamental de Mudança Climática (IPCC), a projeção é que as médias de temperaturas de superfície globais vão continuar aumentando dentro do intervalo de 1,4 a 5,8 graus centígrados acima dos níveis até o ano de 2100. Por essa razão, as academias consideram que é vital que todas as nações identifiquem as medidas custo-benefício que possam ser tomadas agora para contribuir para a redução substancial e em longo prazo, no âmbito global de emissões de gases de efeito estufa. Ainda de acordo com o documento, à medida que as nações e economias desenvolvam-se ao longo dos próximos 25 anos, é estimado um aumento de 60% na demanda mundial de energia primária.
Os combustíveis fósseis, que são responsáveis pela maioria das emissões de dióxido de carbono produzidas por atividades humanas, deverão prover 85% desta demanda. O desafio será, então, minimizar a quantidade de dióxido de carbono que alcança a atmosfera.Outra estimativa do IPCC diz respeito aos efeitos combinados do derretimento do gelo e expansão da água do mar proveniente do oceano que, em projeção, deverão causar elevação global do nível do mar entre 0,1 a 0,9 metro até 2100. Somente em Bangladesh, um aumento de 0,5 m no nível do mar poderia colocar aproximadamente seis milhões de pessoas sob risco de inundação.
- Nações em desenvolvimento deficientes em infra-estrutura e recursos para responder aos impactos das mudanças climáticas serão particularmente afetadas. É claro que muitos dos povos mais pobres do mundo devam sofrer mais com as mudanças climáticas-, declaram as academias.
Entre outras ações, as academias propõem aos líderes mundiais, incluindo os do G8, que no passado foram responsáveis pela maioria das emissões de gases de efeito estufa, que:
- trabalhem com nações em desenvolvimento para construir capacidades científicas e tecnológicas mais bem adaptadas às circunstâncias, oferecendo a elas a possibilidade de desenvolver soluções inovadoras para migrar e adaptar aos efeitos adversos das mudanças climáticas e, ao mesmo tempo, reconhecer abertamente seu direito legítimo ao desenvolvimento;
- mobilizem a comunidade científica e tecnológica para melhorar os esforços em desenvolvimento e pesquisa, para dar melhor suporte às decisões em mudanças climáticas.
Confira a íntegra do manifesto em: ftp://ftp.abc.org.br/G8CGS.pdf
(Ecoagência, 19/07)