Ibase estuda monocultura de árvores para a produção de papel e celulose
2005-07-20
Divulgado pelo governo federal no início de 2004, o
Plano Nacional de Florestas (PNF) incentiva com
recursos financeiros estatais a monocultura de árvores
para produção de papel e celulose – uma atividade que
há cerca de 40 anos vem sendo marcada no Brasil por
uma relação conflituosa com a agricultura familiar,
com remanescentes de quilombolas, com indígenas e com
agricultores e agricultoras sem terra.
Os conflitos têm ocorrido com mais freqüência no
Espírito Santo e na Bahia. Porém, desde a divulgação
do PNF, também nos estados do Sul, em especial no Rio
Grande do Sul, e em Minas Gerais, a luta pelo reparo
dos impactos sócio-ambientais causados por essa
monocultura vem ocorrendo em escala crescente.
Os conflitos mais tradicionais e a resistência mais
organizada à expansão do eucalipto localizam-se no
Espírito Santo, onde os primeiros embates entre
grandes empresas e diversos grupos sociais impactados
se iniciaram há cerca de 40 anos. Umas das primeiras
vítimas foram comunidades indígenas, que acabaram
expulsas de suas terras originais. Os movimentos
socioambientais alegam que, principalmente, o governo
federal tem destinado enormes quantidades de recursos
via BNDES para disseminar as monoculturas de árvores,
como o financiamento à Aracruz Celulose.
O Ibase decidiu fazer um estudo de caso sobre as
monoculturas de árvores para produção de papel e
celulose por verificar que elas geram conflitos
sociais que encerram disputas em torno de modelos
contraditórios de desenvolvimento. Nas próximas
edições, este boletim publicará vários aspectos desses
conflitos e dimensões de tais modelos. (Fonte: Ibase, 14/07)