Mamona é cultura alternativa à produção de biodiesel
2005-07-20
A mamona é uma das plantas oleaginosas brasileiras com grande potencial para a extração do biodiesel. De mil quilos de sementes de mamona secas se pode extrair 75 quilos de etanol anidro, cinco quilos de catalisador, 575 litros de biodiesel e 55 quilos de glicerina. Entre as vantagens tecnológicas e econômicas da cultura estão o maior teor de óleo (50%), produção para fins não alimentícios e por isso não compete com outras culturas tradicionais, rusticidade para solo e clima, precocidade de colheita, em torno de quatro meses, estabilidade de armazenamento por se tratar de grão, solubilidade em etanol e maior qualidade do biodiesel. Além disso, o custo de produção é considerado baixo no estado, entre R$ 450,00 e R$ 700,00 por hectare.
Pesquisa conduzida na Embrapa Clima Temperado, há três anos, pelo pesquisador Sérgio dos Anjos e Silva, comprova o potencial agronômico da espécie, adequada para pequenos produtores como alternativa à diversificação do sistema produtivo, inclusive em várzeas. A atividade de pequena propriedade na região Sul envolve 162 mil hectares e 7.023 famílias.
Em 2003 e 2004, a unidade testou seis cultivares de mamona. Os materiais testados apresentaram rendimentos entre 2.349 e 3.446 quilos por hectare e completa adaptação às condições climáticas. Atualmente, o número de materiais analisados chega a 17. Em parceria com a UFPel, Furg e Cefet, a Embrapa realiza trabalho de melhoramento genético, indução de mutação e precocidade e aumento do teor de óleo. É feita ainda, a caracterização molecular das variedades visando à seleção de material genético superior.
Algumas cultivares já são usadas a campo por produtores de Rio Grande, Bagé e Caçapava do Sul, com excelentes rendimentos.
É o caso da cultivar T1, que obteve produtividade superior a quatro mil quilos por hectare, em propriedades de Rio Grande e Bagé. Em Caçapava do Sul, mesmo com a seca que atingiu o estado, um produtor obteve produtividade de 1,1 mil quilos por hectare, numa lavoura de 18 hectares. O pesquisador diz no entanto, que não se pode criar uma ilusão aos produtores, pois a instituição possui grande responsabilidade ao repassar informações sobre a cultura, que necessita entre outros itens, de recomendações técnicas, definição do zoneamento edafoclimático, que permite ao produtor identificar as culturas com maior chance de sucesso, dentro do sistema orgânico de cultivo, além da definição do mercado local. Este último ponto é considerado por ele crucial até mesmo para a continuidade dos trabalhos de pesquisa. (Diário Popular, 19/07)