Faltam projetos para tratar esgoto no Rio dos Sinos
2005-07-20
A falta de tratamento de esgoto na região tem conseqüência direta na qualidade da água do Rio dos Sinos que, segundo o presidente do Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio do Sinos (Comitesinos), o engenheiro sanitarista Claudio Marques, já não é mais própria para tratamento e distribuição pública. - É o que diz uma resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) -, afirma. De acordo com ele, o Sinos só continua sendo fonte de abastecimento em razão dos complexos tratamentos pelos quais a água passa. - Ele é o nosso único manancial e as águas ainda são tratadas, mas com técnicas mais apuradas, o que implica gosto ruim e preço elevado. Ou tratamos o esgoto ou teremos, em algum tempo, que buscar água fora -, comenta, acrescentando que não há possibilidade de estimar prazos para a morte do rio.
Fossas sépticas, sumidouros e filtros são apontados pelas cidades como as formas de tratar os efluentes que chegam ao meio ambiente. - O problema é que o pessoal não limpa os sistemas e as prefeituras não estão preparadas para o trabalho de fiscalização -, salienta Marques. De acordo com ele, dos 32 municípios abrangidos total ou parcialmente pelo Sinos, apenas Cachoeirinha, Gravataí, Capela de Santana e São Sebastião do Caí não largam seus efluentes no rio. Osório, Dois Irmãos, Santo Antônio da Patrulha e Glorinha, conforme Marques, pouco contribuem com efluentes. Já os que mais largam seu esgoto na bacia são Campo Bom, Canoas, Estância Velha, Esteio, Novo Hamburgo, Portão, São Leopoldo, Sapiranga e Sapucaia do Sul.
O problema da falta de tratamento de esgoto não parece ter solução a curto prazo. Conforme levantamento feito pelo Jornal NH, dos 49 municípios da região apenas 19 possuem projetos para ampliar ou implementar tratamento de esgoto e muitos não têm prazo determinado ou recursos disponíveis. Do total, três — Dois Irmãos, Esteio e Sapiranga — já planejam tratar 100% do esgoto cloacal. Sapiranga, segundo a diretora do Departamento de Meio Ambiente, Carmem Lúcia Martini da Rosa, recebeu R$ 10 milhões do Ministério das Cidades, referentes a dois projetos, para investimento na área. Já em Dois Irmãos foi assinado um convênio com a Companhia Rio-grandense de Saneamento (Corsan), contratando um estudo e a construção de um projeto para o tratamento de esgoto em toda a cidade.
Os outros 30 municípios ouvidos não possuem projetos. O argumento principal é a falta de recursos e a existência de tratamentos individuais nas residências. O secretário de Saúde, Assistência Social e Meio Ambiente de Riozinho, Enio Schneider, explica por que no município não há estações de tratamento. - O custo para implantar e manter uma unidade de tratamento de esgoto é inviável para nós -, diz. Na avaliação do presidente do Comitesinos, uma das alternativas para solucionar a falta de recursos seria a cobrança de uma taxa adicional da população. Ele destaca, ainda, que o Comitesinos está tentando incluir a Bacia do Rio do Sinos na segunda etapa do projeto Pró-Guaíba. (NH, 19/07)