Dez mil castanheiras derrubadas no sul do Pará
2005-07-19
A castanheira, árvore ameaçada de extinção na Amazônia e cujo corte e comercialização estão proibidos no país há onze anos pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) continua sendo dizimada no sul do Pará. Fiscais do órgão flagraram nesta segunda-feira, numa fazenda em São Geraldo do Araguaia, na fronteira paraense com o estado do Tocantins, dez mil árvores abatidas, cortadas em toras e muitas já serradas prontas para venda em São Paulo e Paraguai, para onde seriam contrabandeadas. O madeireiro, cujo nome está sendo investigado pelo Ibama, será multado e processado pela lei de crimes ambientais.
O chefe da fiscalização do Ibama em Marabá, Norberto Souza Neves, disse que árvores do diâmetro de um homem foram extraídas de maneira ilegal e depois levadas para uma serraria, onde foram apreendidas. - Esta árvore aqui é rara, mas não escapou da devastação. Ela deve ter entre 180 e 200 anos, avaliou um fiscal, apontando para uma castanheira no chão.
O que chamou a atenção dos fiscais, segundo o gerente executivo do Ibama na região, Ademir Martins, foi o baixo preço cobrado pelo metro cúbico de cada castanheira derrubada: R$ 13,00. Em São Paulo, por exemplo, o mesmo metro cúbico seria revendido por mais de R$ 450. No Paraguai, vale até R$ 700.
A castanha do Pará é tida como alimento altamente nutritivo e com baixíssimo teor de gordura. Uma amêndoa equivale a seis copos de leite. Ela também possui eficácia medicinal comprovada cientificamente no combate ao radicais livres, responsáveis por doenças como hipertensão e câncer. (Estadão, 18/07)