Enquete revela baixa iniciativa para a coleta seletiva no Brasil
2005-07-19
Os resultados de uma enquete realizada pelo Instituto Akatu pelo Consumo Consciente revelam que os serviços de coleta seletiva ainda estão longe do dia-a-dia de grande parte dos brasileiros. Mais de 40% dos cerca de 1.400 internautas que responderam ao questionário afirmaram que não dispõem de coleta seletiva nas regiões em que vivem. Por conta disso, 26% desse grupo revelaram que não separam o lixo para reciclagem.
Os dados, levantados entre fevereiro e junho deste ano, corroboram o panorama divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2004: a coleta seletiva ainda é incipiente no Brasil. A pesquisa do IBGE mostrou que apenas 2% do lixo produzido no país é coletado seletivamente, enquanto somente 6% das residências são atendidas por serviços de coleta seletiva, que existem em 8,2% dos municípios brasileiros. Segundo o levantamento do Akatu, 31,4% dos internautas encaminham o lixo para serviços municipais de coleta, enquanto 16,9% dirigem-se às cooperativas de catadores e 9,3%, a projetos sociais.
A falta de coleta seletiva na maior parte das cidades brasileiras representa, além de impacto negativo para o meio ambiente, perda de recursos financeiros. Segundo cálculos do economista Sabetai Calderoni, autor de Os Bilhões Perdidos no Lixo (Ed. Humanitas, USP, 1997), só no ano de 1996 foram desperdiçados R$ 4,6 bilhões em lixo não reciclado, o que, na época, correspondia a dinheiro suficiente para construir cerca de 460 mil casas populares. Ainda de acordo com o economista, a implantação e a ampliação de programas de coleta seletiva nos municípios podem render até R$ 135,00 por tonelada de lixo, dinheiro que cobriria gastos operacionais e remuneração dos funcionários envolvidos. Isso significaria também a diminuição dos gastos das prefeituras com coleta, transporte, transbordo e disposição final do lixo domiciliar não separado. Além de tudo, a adesão da população à coleta seletiva proporcionaria a obtenção de produtos recicláveis com menor grau de impurezas, o que elevaria seu valor de mercado. (Eco Agência, 18/07)