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2005-07-19
Mercado de créditos de carbono. A grande maioria das pessoas não sabe o que é isso, como ele funciona ou qual sua finalidade. Pouco provável, portanto, que elas tenham conhecimento dos projetos direcionados a esta área que a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ-USP) desenvolve.

Os créditos de carbono são certificados concedidos a indústrias e empresas que comprovadamente reduzam a emissão de gases causadores do efeito estufa ao longo de suas tarefas de produção. Segundo Weber Antônio Neves do Amaral, do Departamento de Ciências Florestais (LCF) da ESALQ, a cada 100 toneladas de carbono que deixam de ser emitidas, a empresa torna-se dona de uma unidade de crédito de carbono e pode vendê-lo a outras companhias, as quais compram esses créditos quando não conseguem reduzir suas taxas de emissão.

O preço de um crédito de carbono pode variar de US$ 3 a US$ 40, mas a média fica entre US$ 15 e US$ 20. O que determina o preço de cada crédito são as características do projeto realizado. Assim, uma empresa que fez o reflorestamento de um local detém créditos mais baratos do que aqueles provenientes da instalação de um equipamento de alta tecnologia para reduzir a emissão de gases poluentes, por exemplo. Os maiores compradores são empresas de países desenvolvidos. Por este motivo, este mercado, além de atentar para questões ambientais, configura-se como uma atividade capaz de gerar capital a empresas de países em desenvolvimento, como as brasileiras.

Amaral é o coordenador de projetos que abordam a poluição no planeta. Entre eles estão o Pólo de Biocombustíveis e estudos referentes ao mercado de crédito de carbono. Neste, busca-se definir os critérios técnicos de elegibilidade de projetos, ou seja, estabelecer os parâmetros que determinam se uma empresa pode ou não receber os créditos de carbono (e posteriormente comercializá-los).

Um dos objetivos primordiais dos projetos é auxiliar o governo nessa discussão acerca da elegibilidade. — O governo possui um tripé de sustentabilidade, composto por fatores sociais, econômicos e ambientais. É neste último pé que nós atuamos, o que não impede que decisões tomadas nesta área influenciem as demais. Para isso, são definidas as linhas de base, o que consiste em projetar o quanto que determinado projeto pode contribuir com a redução da emissão de gases poluentes (esta etapa é precedente ao projeto)-, afirma Amaral. Além disso, os pesquisadores da ESALQ fazem a análise – baseando-se na quantidade estimada de carbono que deixará de ser lançada na atmosfera – de quais mudanças ambientais serão promovidas em função do projeto estudado.

Boas notícias — A ratificação do Protocolo de Kyoto trouxe mais agilidade aos processos de elegibilidade, informa Amaral. Ele explica que estes processos possuem longos períodos de maturação e freqüentemente esbarram na inviabilidade econômica e tecnológica. Isso deve melhorar a partir deste ano. O pesquisador da ESALQ destaca que, apesar das dificuldades, já existem no Brasil quatro projetos aprovados, os quais recebem os créditos de carbono.

Outro reflexo da ratificação do Protocolo é o aumento da demanda (por parte de empresas, principalmente) por maneiras de se reduzir a emissão de carbono na atmosfera, impulsionando as pesquisas nesta área. — O Protocolo abriu as portas para começar a se discutir alternativas energéticas com maior intensidade-, ressalta Amaral.

Pólo de Biocombustíveis
O Pólo de Biocombustíveis, além de contribuir para a discussão a respeito dos critérios técnicos de elegibilidade, enfoca justamente as pesquisas de alternativas energéticas, as quais agridam menos o meio ambiente e sejam tão eficientes como os combustíveis fósseis.

O Pólo também realiza duas outras atividades importantes. Investe-se em Recursos Humanos, através da capacitação de profissionais especializados e aptos a atuar na área energética e agroenergética. Finalmente, discute-se também quais seriam as políticas públicas adequadas para as questões desse campo. (Com informações da USP)

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