Polêmica na EPA entre investir em pesquisa ou em relações públicas
2005-07-19
O Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) está buscando consultores em relações públicas, oferecendo salários de até US$ 5 milhões por cinco anos, para tornar seu website mais polido, organizar grupos de foco, melhorar a imagem da instituição e escrever artigos para publicação em revistas acadêmicas e na imprensa em geral.
A estratégia apareceu em um edital publicado em 26 de maio deste ano, alguns dias após a administração do presidente George W. Bush ter passadopor um escrutínio em razão de suas relações públicas. Trata-se de uma prática que chegou a ter efeito em outras áreas e em outras épocas – por exemplo, colunistas como Armstrong Williams promoveram a lei federal de educação, conhecida como Não Deixar para Trás as Crianças, e recebeu um pagamento de US$ 240 mil. Mas em janeiro o presidente Bush havia abandonado esta prática – pelo menos é o que se pensava.
Uma porta-voz da EPA informou, no último final de semana, que os esforços para levantar o perfil de pesquisa da agência tinham um objetivo valioso: chamar a atenção para o trabalho de 1.900 cientistas e membros de carreira da organização. Observando que o orçamento anual da instituição é de US$ 600 milhões, a assessora, Eryn Witcher, disse: –Gostaríamos de usar menos de 1% disto para tornar acessíveis informações ao público.
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Três contratos semelhantes, um dos quais foi abandonado, segundo a EPA, além de uma proposta maior, de US$ 5 milhões, foram trazidas ao jornal The New York Times pelo grupo ambientalista Empregados Públicos pela Responsabilidade Ambiental. Seu diretor, Jeff Ruch, disse que recebeu de um empregado da agência a denúncia de um valor que acreditava ter sido inapropriadamente desviado para campanhas de relações públicas.–A idéia de que eles tenham limitado os dólares para a ciência e gasto os mesmos em relações públicas não é apenas judiciosa, é plenamente estúpida, afirmou Ruch, em uma entrevista. (NY Times, 18/7)