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2005-07-18
Um dos maiores acidentes ambientais da história do Brasil completou cinco anos no último sábado dia 16 de julho. O rompimento de uma das adutoras da Refinaria Getúlio Vargas – Repar -, da Petrobras, no município de Araucária, a 24 quilômetros de Curitiba, deu origem a um vazamento em que aproximadamente 4 milhões de litros de óleo atingiram os rios Barigui e, posteriormente, o Iguaçu. O acidente somente foi detectado duas horas depois, levantando o alerta do despreparo das empresas quanto a esse tipo de ocorrência - e até mesmo em relação aos critérios envolvidos na Certificação ISO 14.000.

Na ocasião, uma força-tarefa uniu-se para dar suporte ambiental na região. Convidado pelo Ibama, Instituto Ambiental do Paraná – IAP - e Ministério Público, o Instituto Ecoplan coordenou as ações de 23 ONGs (brasileiras e argentinas) na operação batizada de Resgate do Iguaçu. Além de tentar conter o vazamento, as instituições atuaram na mobilização para resgate e recuperação da fauna intoxicada da região, além de apoiar a população do entorno dos rios. Para complementar o trabalho, foram realizadas expedições dando continuidade ao monitoramento das áreas. Até mesmo as que ficaram livres dos impactos diretos do vazamento foram vistoriadas.

Para Messala Alkmim, secretário-geral da Mandala Soma, entidade que integrou o resgate, o trabalho de organização das ONGs foi louvável. — Não podemos deixar esquecido o pronto atendimento-, diz. Apesar dos danos ambientais gravíssimos, Messala destaca um ponto positivo vivenciado na ocasião: — As ONGs viram que podem fazer um trabalho coordenado.

No próximo dia 23/07, o acidente será lembrado com uma ação de recolhimento do lixo acumulado nas margens do Rio Iguaçu, saindo de Guajuvira até Balsa Nova. Segundo Messala, que em recente visita ao local constatou a quantidade incrível de lixo depositado, faltou uma continuidade do trabalho de conscientização, mostrando a importância tanto econômica, quanto ambiental, do rio. Para ele, ainda falta clareza quanto aos danos ambientais decorrentes do acidente. Com a iniciativa, espera-se fazer um levantamento geral da situação atual da região, além de relembrar o episódio comemorando o êxito dos trabalhos.

Relatório das ONGs
De acordo com o relatório conclusivo das ONGs atuantes no Resgate do Iguaçu, realizado em 2000, entre os danos ambientais imediatos à água e à biota estão:
- contaminação aguda ou crônica da fauna e da flora aquática e terrestre, resultando na mortandande por intoxicação;
- o impedimento e abafamento da difusão do oxigênio para água causou a morte por asfixia de peixes, zooplâncton, bentos, fitoplâncton e da macroflora;
- comprometimento de recursos alimentares da fauna aquática;
- contaminação da água impedindo o abastecimento para alguns usos industriais e até mesmo para as populações ribeirinhas.

O relatório ainda apontou em sua conclusão algumas falhas listadas abaixo:
- o sistema informatizado, que controla a pressão e fluxo das transferências do produto, se mostrou-se ineficiente;
- a qualidade do treinamento das equipes de manutenção e monitoramento dos processos provou não ser adequada para este tipo de acidente (fluvial);
- colocou em dúvida questões sobre os critérios, empresas e pessoas envolvidas no processo de certificação da série ISO 14.000;
- não havia um sistema integrado de alerta para as autoridades e população nas áreas envolvidas (entorno).
(AmbienteBrasil 14/07)

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