Açudes e represas não evitam escassez de água, adverte o WWF
2005-07-18
O Fundo Mundial para a Natureza (WWF) alertou que a construção de mais açudes e represas não resolverá a atual escassez de água na Europa e podem prejudicar as poucas fontes que restam no continente. Esta advertência surge em momentos em que as altas temperaturas e as poucas precipitações aumentam o risco de grave seca em várias partes do mundo, o que levou as autoridades a pedir à população que adote medidas para reduzir o consumo de água. A organização ambiental expressou sua inquietação porque as autoridades sugerem a construção de mais tanques e represas para completar o abastecimento de água em futuros períodos de seca, apesar de saber que se produz uma perda substancial de água devido à evaporação. – A Europa não sofre a falta de açudes ou represas, mas está sofrendo de um desperdício de água – assinalou o WWF.
O desperdício de água chega a até 40% em algumas das áreas mais secas devido à ineficácia dos sistemas de irrigação, e nas cidades as filtragens nos encanamentos provocam a perda da terça parte da água. A organização afirmou que a provisão de água no Reino Unido, França, Itália, Portugal e Espanha funciona a capacidade reduzida. – Na Itália os açudes estão esgotados, e na Espanha os níveis estão na média 40% abaixo do nível registrado no ano passado – destacou.
Os países do sul da Europa são os que têm maiores extensões de terras cultiváveis e, devido a uma atividade agrícola mais intensa, utilizam três vezes mais água por umidade de terra do que as demais regiões do continente. Outra advertência da organização internacional foi a respeito da perda de terrenos úmidos (várzea) no continente europeu, assinalando que na Itália , por exemplo, 80% desapareceram, o que é outro fator da atual crise. Os terrenos úmidos são como esponjas que mantém água, mas uma vez destruídos a água também desaparece e nenhum tipo de instalação construída pelo homem poderá recupera-la. Diante da chegada de um verão com temperaturas muito elevadas, o WWF aconselhou os governos europeus a mudar seus planos de diques e açudes para conseguir um uso mais eficiente da água e reconstituir os terrenos úmidos. (GM, 15/07)