Petrobras joga fora gás natural
2005-07-15
A queima de gás natural pela Petrobras atingiu 10,1 milhões de metros cúbicos diários em maio, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Esse nível é cerca de três vezes o volume médio queimado em maio do ano passado, quando a média diária oscilou em torno de 3,8 milhões de metros cúbicos. O forte aumento do desperdício coincide com a maior produção de petróleo. Como no Brasil o petróleo é associado ao gás natural, quando há aumento na extração do óleo ocorre aumento simultâneo da exploração do gás. Como a estatal não desenvolveu infra-estrutura para aproveitamento do insumo, a opção é queimar o gás.
Além do aumento da extração de óleo na Bacia de Campos, a Petrobras tem registrado problemas no Campo de Urucu, no Amazonas, devido à quebra de um compressor, que tem impedido a reinjeção do gás natural extraído na região. A empresa divulgou nota no mês passado explicando que o problema só deverá ser equacionado em setembro e que a ANP autorizou a Petrobras a adotar esse procedimento.
No caso da Bacia de Campos, o aumento da queima deve-se à entrada em operação de duas novas grandes plataformas de produção (a P-43e a P-48), instaladas nos campos de Barracuda e Caratinga, sem que os seus módulos de compressão de gás estivessem em pleno funcionamento.
A queima diária de gás natural em maio corresponde a quase duas vezes o consumo de gás natural veicular (GNV) no País, utilizado pela frota de quase 950 mil veículos convertidos para uso do combustível e mais de 20 vezes o consumo residencial. Conforme estimativa do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), o consumo diário de GNV ficou em torno de 5,2 milhões em abril, enquanto o consumo residencial está abaixo dos 500 mil metros cúbicos diários. Ainda segundo IBP, o consumo de gás para a geração elétrica atingiu 6,4 milhões de metros cúbicos diários, enquanto o consumo industrial foi responsável por 22,6 milhões de metros cúbicos. O consumo total no País atingiu 37 milhões de metros cúbicos diários.
A queima de gás pela Petrobras em maio corresponde a cerca de 40% das importações da Bolívia. O gasoduto Bolívia-Brasil tem capacidade de transporte de até 30 milhões de metros cúbicos diários, mas a Petrobras está puxando apenas 24 milhões, visando principalmente ao mercado de São Paulo e da região Sul do País. (A Notícia, 14/07)