Bebês já nascem carregando poluição, conclui estudo norte-americano
2005-07-15
Mesmo ao nascer, bebês são como que esponjas que absorvem uma mistura de substâncias químicas, incluindo mercúrio, subprodutos de gasolina e pesticidas. Esta é a conclusão de um relatório liberado nesta quinta-feira (14/7) pelo Grupo de Trabalho Ambiental, do Congresso dos Estados Unidos.
Embora os efeitos da poluição não estejam claro sobre os bebês, a pesquisa instou vários membros do Congresso norte-americano a pressionar por uma legislação a fim de estreitar os controles sobre as substâncias químicas no meio ambiente. O relatório está baseado em testes de dez amostras de sangue de cordões umbilicais obtidos a partir da Cruz Vermelha dos Estados Unidos. Foram encontrados, em média, 287 contaminantes no sangue, incluindo mercúrio, retardantes de chama, pesticidas e a substância que serve de base para o Teflon, o PFOA ou ácido perfluoroctanóico.
– Esses 10 bebês recém-nascidos já nasceram poluídos, disse a congressista Louise Slaughter, democrata de Nova Iorque ao falar em uma conferência de imprensa sobre os resultados da pesquisa, nesta quinta-feira (14/7). – Se tivéssemos provado que as leis sobre poluição de nossa nação não estão funcionando, deveríamos aprontar uma lista de substâncias químicas industriais que estão no corpo dos bebês que não saíram dos úteros ainda, acrescentou ela.
Sangue de cordão umbilical reflete o que a mãe passa para o bebê através da placenta. –De 287 substâncias químicas que detectamos no sangue de cordões umbilicais, sabemos que 180 causam câncer em humanos ou animais, 217 são tóxicas para o cérebro e para o sistema nervoso e 208 causam defeitos de nascimento ou desenvolvimento anormal, de acordo com testes realizados em animais, afirma o relatório.
Os testes realizados no sangue não mostraram como as substâncias químicas passam dos corpos da mães para os dos filhos, ou quais os efeitos devem ter nos bebês. Entre as substâncias encontradas no sangue dos cordões umbilicais estão metilmercúrio, produzido pela queima de carvão em plantas energéticas e em certos processos industriais. As pessoas absorvem este composto pela respiração ou pela ingestão de frutos do mar. O metilmercúrio pode causar danos severos os nervos e ao cérebro.
Também foram encontrados nas amostras hidrocarbonetos poliaromáticos, os PAHs, que são produzidos pela queima de gasolina e lixo e que podem causar câncer; retardantes de chama chamados polibrominados dibenzoxinas e furanos; e pesticidas, incluindo o DDT (diclorodifeniltricloroetano) e clordano.
O mesmo grupo analisou o leite materno de mães norte-americanas em 2003 e encontrou níveis variados de substâncias químicas, incluindo retardantes de chama como os PBDEs. Nas últimas análises, esta substância foi também encontrada no sangue dos cordões umbilicais analisados.
O Escritório de Controladoria do Governo dos Estados Unidos lançou um relatório afirmando que a Agência de Proteção Ambiental (EPA) não tem poder amplo para a regulamentação de substâncias químicas tóxicas. – Hoje em dia, substâncias químicas estão sendo utilizadas para fabricar garrafas para bebês, embalagem para alimentos e outros produtos que nunca foram plenamente avaliados em termos de seus efeitos à saúde sobre as crianças, e algumas dessas substâncias estão se transformando no nosso sangue, disse o senador democrata de Nova Jersey Frank Lautenberg, que planeja co-patrocinar uma lei para requerer dos fabricantes de produtos químicos dados para a EPA sobre os efeitos à saúde de seus produtos.
(Com informações do Washington Post, ABC News e Planet Ark, 14/7)