Rondeau pretende destravar usinas
2005-07-13
O novo ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, pretende
acelerar os planos de construir as usinas hidrelétricas de Madeira e Belo
Monte para garantir a ampliação da oferta no país. Segundo ele, as duas
usinas são prioritárias porque vão somar 12,5 mil megawatts (MW) à
capacidade de geração de energia. — É uma prioridade do governo Lula e nela
nos engajaremos totalmente -, afirmou Rondeau, que fez, no entanto, uma
ponderação: é preciso equilibrar os investimentos no setor com respeito ao
meio ambiente e responsabilidade social, numa referência às contínuas
divergências entre empresários e órgãos públicos ambientais.
Rondeau deixou claro que fará uma gestão de continuidade dos projetos
iniciados pela ex-ministra Dilma Rousseff. A consolidação do modelo do setor
elétrico, com o leilão de energia nova previsto para dezembro, foi
considerada por ele um dos seus dois grandes desafios à frente da pasta. O
outro é o que chamou de fim da exclusão elétrica no país, com a
implantação do programa Luz para Todos, que tenta levar energia a todo o
território nacional até o fim de 2008.
O novo ministro também incluiu entre as suas prioridades o desenvolvimento
de um anel energético na América do Sul, que visa trazer gás natural do Peru
para o Brasil, por meio de gasodutos que atravessarão o Chile, a Argentina e
o Uruguai. Também quer criar uma política para a inclusão do carvão mineral
na matriz energética brasileira e consolidar o biodiesel como fonte de
energia renovável, com o aumento da mistura até 5% ao diesel no período de
oito anos.
Engenheiro elétrico pela Universidade Federal de Pernambuco que fez carreira
no setor elétrico, Rondeau procurou fazer um discurso amistoso para as
dezenas de empresários que acompanharam a transmissão de cargos no
ministério. — A minha gestão será marcada pelo respeito às regras
estabelecidas - afirmou.
Ao deixar o cargo que exercia interinamente, o ex-ministro Maurício
Tolmasquim retorna à Empresa de Planejamento Energético (EPE). Ele disse
que, das usinas hidrelétricas licitadas pelo governo anterior que somavam
13.037 MW, a gestão de Dilma Rousseff conseguiu destravar 87% dos projetos,
em termos de potência prevista. No cálculo, Tolmasquim incluiu 5.386 MW com
licenciamento ambiental já resolvido e outros 6.015 MW o processo de licença
em curso.
Presente na solenidade, Dilma também discursou e chegou a dizer que a
Petrobras atingirá a auto-suficiência na produção de petróleo ainda este
mês . Depois, a estatal petrolífera e a própria assessoria da Casa Civil
corrigiram o mal-entendido: a produção da empresa só cobrirá todo o consumo
nacional, de forma estável, na virada do ano, provavelmente em dezembro.
(Valor Econômico, 11/07)