Brasil já prendeu 35 peruanos por roubo de madeira
2005-07-13
Em quase um ano de sobrevôos e ações por terra contra o roubo de madeira
brasileira no Acre, 35 peruanos foram presos e 3,5 mil metros de madeira
foram apreendidos. Nesse período, três brasileiros também foram detidos
transportando cocaína pela fronteira. Eram mulas do narcotráfico.
Essa é parte do saldo de operações que o Ibama - Instituto Brasileiro de
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, Polícia Federal e Exército
vêm realizando em parte da Amazônia desde agosto de 2004. Na época, o roubo
de madeira foi denunciado à ministra Marina Silva por Ashaninkas, que vivem
na Terra Indígena Kampa, na fronteira com o Peru.
Apesar da investida do governo brasileiro, que tem promovido operações
mensais na fronteira com o Peru, a invasão do País para corte de espécies
como mogno e cedro continua. Na semana passada, mais um peruano foi preso e
cerca de 300 metros cúbicos de madeira em pranchas foram apreendidos.
Todos os peruanos presos são processados no Brasil, mas acabam soltos em
poucos meses. A maioria não possui qualquer documento e muitos são vítimas
de trabalho escravo. A madeira apreendida é sempre destruída.
Esse problema e o desenvolvimento da fronteira Brasil-Peru será debatido
esta semana entre representantes dos governos dos dois países em Pucallpa,
na Província de Ucayali, maior pólo madeireiro peruano. A cidade está a 250
quilômetros de Cruzeiro do Sul, no Acre.
De acordo com Kléber Ramos Alves, do Ibama, que participará do encontro, os
ladrões de madeira abriram uma grande quantidade de estradas clandestinas na
floresta, usadas como rotas de fuga. — Outra estratégia é serrar as toras na
própria mata, o que facilita o transporte - disse.
A escassez de madeiras nobres no Peru não seria o único motivo para a
invasão do território brasileiro. Segundo Alves, o uso das riquezas
brasileiras também seria uma forma de economizar árvores naquele País.
Após a reunião de Pucallpa, já no fim de semana, será realizado um sobrevôo
sobre parte do Acre, na fronteira do Brasil com o Peru. Participarão
representantes do Ibama, da Polícia Federal, do Exército Brasileiro, do
Inrena - Instituto Nacional de Recursos Naturales, órgão ambiental peruano,
do governo e do Exército do Peru. — Os peruanos precisam ver de perto a
situação para que possamos chegar a uma solução para o problema - salientou
Alves. (MMA, 11/07/2005)