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2005-07-12
Suspensão da exploração florestal vai começar por Mato Grosso, semana que vem, e deve chegar ao Pará em breve. Sectam classifica medida de maluquice. Desemprego em larga escala, fechamento de madeireiras e queda abrupta nas exportações de madeira do Pará. Esses serão os principais reflexos da moratória dos desmatamentos na Amazônia, por um prazo de seis meses, que a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, deve anunciar na próxima semana.

O Estado do Mato Grosso - responsável por quase 50% de todos os desmatamentos feitos na Amazônia no período de agosto de 2003 a julho de 2004 -, será o primeiro a ser atingido pela medida drástica das autoridades ambientais do governo, que deve ser estendida aos Estados do Pará e Rondônia. - É uma maluquice, algo fora da realidade -, protesta o secretário-executivo de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente do Pará (Sectam), Gabriel Guerreiro. - A ministra Marina Silva está nadando no meio do rio Amazonas, contra a correnteza, e precisa de uma bóia para se agarrar -, compara Guerreiro. Para o secretário, eles (do Ministério do Meio Ambiente) estão perdidos e inventando coisas. Guerreiro compara as medidas do Ministério do Meio Ambiente com a tradição paraense da fogueira de São Marçal. - É um fogaréu momentâneo. Depois de 10 minutos, não tem mais nada -, compara.

Pesquisador assistente do Imazon (Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia), o engenheiro florestal Marco Lentini reconhece que a decretação da moratória pode ser uma medida importante para reduzir os desmatamentos na floresta amazônica, mas desde que venha acompanhada de outros atos, como a liberação dos planos de manejo que estão brecados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). - Até as empresas certificadas estão tendo dificuldades- , alerta Marco Lentini. Uma moratória dos desmatamentos na Amazônia, agora, na avaliação de Marco Lentini, terá graves repercussões na indústria madeireira. - Está começando a safra. A medida do governo é bem intencionada, mas a indústria não terá como se suprir de matéria prima-, alerta o pesquisador.

Medida drástica - Para controlar os cortes de árvores na Floresta Amazônica, que entre agosto de 2003 a julho de 2004 provocaram desmatamentos numa área superior a 26 mil quilômetros quadrados - um território do tamanho do Estado de Alagoas -, o Ministério do Meio Ambiente decidiu adotar medidas drásticas e a moratória do desmatamento, por um prazo de seis meses, seria a primeira delas. A medida, que será adotada inicialmente no Estado do Mato Grosso, será estendida posteriormente aos Estados do Pará e Rondônia, que ocupam respectivamente o 2º e o 3º lugares entre os Estados que mais derrubaram floresta tropical úmida nos últimos anos. Pará, Mato Grosso e Rondônia respondem por 95% da produção madeireira dos Estados da Amazônia Legal.

O anúncio da moratória dos desmatamentos foi feito pelo interventor do Ibama em Mato Grosso, Elielson Ayres de Souza. Ele disse que a medida, batizada de moratória do desmatamento, é inédita no Brasil e poderá ser estendida brevemente aos Estados de Pará e Rondônia. Segundo o interventor, a ministra do Meio Ambiente Marina Silva assinará a portaria com a proibição em Mato Grosso na próxima quarta-feira.

Curupira - Em Mato Grosso, Pará e Rondônia foram decretadas pela Justiça Federal, no início de junho, as prisões de 147 supostos integrantes de uma quadrilha responsável por esquema de desmatamento ilegal, que teria assegurado a derrubada de cerca de 2,5 milhões de metros cúbicos de madeira. É o equivalente a 83 mil caminhões carregados, uma carga avaliada em quase R$ 1 bilhão. A Polícia Federal indiciou 90 acusados, entre eles servidores do próprio Ibama, órgão que sofreu intervenção no Estado. (Amazônia.org.br, 11/07)

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