Pescadores fecham acordo com Ultragás
2005-07-11
Um grupo de 1.403 pescadores de Paranaguá (PR) deve receber cerca de R$ 2,4
milhões nas próximas semanas como indenização por danos morais e materiais
sofridos após a explosão do navio chileno Vicuña, em 15 de novembro do ano
passado, no Porto de Paranaguá. A Sociedade Navieira Ultragás, dona da
embarcação, está concluindo a negociação que ressarcirá os pescadores pelos
51 dias em que ficaram impedidos de pescar devido o acidente. Os valores
acordados variam entre R$ 500 e R$ 1,2 mil, por pescador.
Segundo o advogado do grupo, Leonardo da Costa, até ontem, 70% de seus
clientes haviam aceitado a proposta da empresa e assinado os termos de
adesão. Com a conclusão do acordo, que deve acontecer até terça-feira da
próxima semana (13/07), a ação na Justiça contra a Ultragás está encerrada. De
acordo com Costa, os processos contra a Cattalini, proprietária do depósito
onde o metanol transportado pelo Vicuña seria armazenado, e outras três
empresas proprietárias da carga, vão continuar. A intenção é garantir uma
indenização justa aos pescadores de Paranaguá.
A negociação deles está sendo fechada quase cinco meses depois do acordo
realizado com pescadores de Antonina e Guaraqueçaba. Nos dois municípios,
cerca de 2.400 pescadores receberam indenizações no valor de R$ 1,2 mil,
cada um. Tanto Costa, quanto o advogado da Ultragás, Leven Siano, explicam
que os valores neste primeiro acordo foram maiores porque a negociação foi
feita em conjunto com a Cattalini. Da mesma forma, um grupo de 600
pescadores de Paranaguá também recebeu cerca de R$ 1,2 mil, como
indenização, entre março e abril deste ano.
— Fica muito mais fácil de pagar uma indenização quando existe duas empresas
capazes economicamente, explica Siano. Segundo ele, a Ultragás vai acionar
judicialmente a Cattalini para pedir metade do valor que será pago em
indenizações aos pescadores de Paranaguá. De acordo com o advogado, em casos
de desastres ambientais como esses, enquanto não se descobre as causas,
todos os agentes envolvidos que desenvolvam atividade de risco precisam
dividir a responsabilidade.
Acidente
A explosão provocou quatro mortes e um prejuízo de R$ 75 milhões. O desmonte
do que restou do navio, removido de Paranaguá para Pontal do Paraná em
abril, começou essa semana e deve levar pelo menos mais um mês. Cerca de 50
homens recortam e removem partes da embarcação chilena, que será
reaproveitada por siderúrgicas.(Gazeta do Povo, 09/07/2005)