Ministério do Meio Ambiente cria moratória de seis meses em MT
2005-07-11
O interventor do Ibama em Mato Grosso, Elielson Ayres de Souza, anunciou que
o Ministério do Meio Ambiente decidiu proibir por seis meses o desmatamento
no Estado. Ele disse que a medida, batizada de moratória do desmatamento, é
inédita no Brasil. Mato Grosso foi o responsável por quase 50% da área de
cerca de 26 mil quilômetros quadrados (o equivalente ao tamanho de Alagoas)
devastada na Amazônia no período 2003-2004.
Segundo o interventor, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva assinará a
portaria com a proibição em Mato Grosso na próxima quarta-feira (13/7). Ele
também informou, segundo o jornal Folha de S.Paulo, que a moratória do
desmatamento poderá ser estendida também aos Estados de Pará e Rondônia.
Em Mato Grosso, Pará e Rondônia foram decretadas pela Justiça Federal no
início de junho as prisões de 147 supostos integrantes de uma quadrilha
responsável por esquema de desmatamento ilegal, o qual resultou na derrubada
de cerca de 2,5 milhões de metros cúbicos de madeira. É o equivalente a 83
mil caminhões, uma carga avaliada em quase R$ 1 bilhão. A Polícia Federal
indiciou 90 acusados, entre eles vários funcionários do Ibama, órgão que
sofreu intervenção no Estado.
O então secretário do Meio Ambiente de Mato Grosso, Moacir Pires, foi preso
e liberado cinco dias depois. Conhecido como o rei da soja, o governador
Blairo Maggi (PPS), que demitiu Pires após a prisão, é acusado pela imprensa
internacional de favorecer o desmatamento em favor da agricultura. Ele nega.
A quadrilha operava com a emissão de ATPFs - Autorizações para Transporte de
Produtos Florestais falsificadas ou em branco, vendidas por servidores do
Ibama por R$ 1.000. Os documentos eram usados por 141 madeireiras-fantasmas
para justificar a origem de árvores cortadas ilegalmente em áreas de
preservação permanente e até em terras indígenas.
Donos de madeireiras e prefeitos dos municípios do norte de Mato Grosso
afirmam que haverá desemprego com a interrupção no desmatamento. A medida do
ministério atinge também produtores rurais que não poderão derrubar árvores
para abrir pasto ou área destinada à agricultura, informou Souza. (24 Horas News/MT, 08/07/2005)