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2005-07-11
A chegada dos primeiros habitantes à Austrália, há cerca de 50 mil anos, causou a destruição parcial do ecossistema e levou à extinção de muitos dos grandes mamíferos terrestres na ilha-continente. Segundo um estudo publicado na última quinta-feira (7) na revista Science, cientistas americanos e australianos concluíram que a prova está na mudança da dieta de dois pássaros que povoavam Austrália há milhares de anos.

De acordo com Gifford Miller, do Instituto de Pesquisas Árticas e Alpinas da Universidade do Colorado (EUA), no período entre 140 mil e 50 mil anos não houve mudanças drásticas do clima, e a alteração do ambiente vegetal ocorreu como resultado da queima sistemática das florestas. Nessas circunstâncias, os predadores que comiam o que podiam se adaptaram, e os que sobreviviam através de um só tipo de alimento se extinguiram, disse o pesquisador. As mudanças ficaram registradas nos fósseis das cascas de ovos e nos dentes dos emus e dos genyornis, aves parecidas com o avestruz. As análises desses fósseis demonstraram que a flora do ecossistema mudou rápida e profundamente depois da chegada do homem.

Segundo os cientistas, antes da invasão humana, os emus preferiam os gramados característicos dos climas temperados e dos verões chuvosos. Mas os fósseis mostram que, depois, adquiriram uma dieta integrada em sua maior parte por arbustos e folhas de árvores características de condições mais áridas. –A explicação mais plausível é que estes pássaros respondiam a uma mudança sem precedentes da vegetação no continente durante esse período, disse Miller. De acordo com os cientistas, o período estudado incluiu mudanças muito profundas do clima, mas que não influenciaram na dieta dos animais ou no ecossistema.

A situação se manteve até acontecer uma transição abrupta que coincidiu com a chegada do homem. –Os seres humanos são os principais suspeitos, afirmou Marilyn Fogel, da Instituição Carnegie dos Estados Unidos, que também participou da pesquisa junto com cientistas da Universidade Nacional da Austrália. Segundo Fogel, não se acredita que a caça excessiva e as novas doenças levadas pelo homem tenham sido a causa direta das extinções. O que aconteceu, disse, é que os homens causaram incêndios em grande escala, com objetivos de caça, para ocupar algumas regiões ou para marcar seu território diante da chegada de outros grupos. –Com base nestas provas, a mudança induzida pelo ser humano na vegetação é a melhor forma de explicar o que ocorreu nesse momento crucial, disse. (Terra.com, 8/7)

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