Operação Uiraçu luta contra agressores da floresta
2005-07-08
A operação Uiraçu, que dura 42 dias, tem colocado homens de órgãos ambientais nos pontos mais fechados da floresta amazônica, na região conhecida como Ponta do Abunã, permitindo a interrupção de uma grande devastação planejada por madeireiros que agem ilegalmente. No dia 6, o Instituto de Meio Ambiente e Recursos Renováveis do Acre (Ibama) no Acre, junto a parceiros, apreendeu 2 mil metros cúbicos de madeira na cidade de Lábrea, no sul do Amazonas, em uma ação conjunta com esse e o Estado Rondônia, mostrando outros bons resultados.
Cerca de 100 homens do Ibama Acre e Amazonas, polícias Ambiental, Federal e Rodoviária, mais Exército estão atuando na operação Uiraçu. Driblando a artimanha utilizada por madeireiros que para fugir da fiscalização dos satélites estão explorando várias áreas afastadas uma das outras, os órgãos ambientais contam com o apoio de um helicóptero para detectar esses desmates. E foi com a ajuda desse transporte aéreo que a equipe conseguiu chegar ao ramal do Jequitibá, em Lábrea. Com uma equipe com dois caminhões e quatro caminhonetes, eles enfrentaram o frio e a lama para usar uma outra tática que rende prejuízo aos agressores.
Nos primeiros quilômetros percorridos do ramal, uma área de 578 hectares de árvores derrubadas e cobertas pelo capim denúncia à ilegalidade. A tática é usada para esconder o crime ambiental. O soldado do policiamento ambiental, Carlos Eduardo, conta que os madeireiros costumavam fazer a derrubada e esconder para recolher muito depois e isso está mudando, pois agora eles esperam anoitecer para transportar as toras de árvore imaginando não enfrentar fiscalização.
Mudanças - Contrapondo a tática dos madeireiros, o superintendente do Ibama-Acre, Anselmo Forneck diz que os órgãos ambientais também modificam sua atuação. A prova disso foi o trabalho feito com os dois mil metros cúbicos de madeira encontrada também no ramal do Jequitibá e ramal Mendes Cabos. - Antes deixávamos a madeira encontrada na mata para pegarmos depois, e quando voltávamos os madeireiros há haviam levado. Agora, mesmo que não encontremos os responsáveis estamos levando a madeira para que tenham prejuízo por estarem agindo ilegalmente, e então distribuímos para ações sociais.
Forças - Mesmo sendo região de responsabilidade do Ibama-Amazonas, o sul de Lábrea tem recebido o trabalho do Ibama-Acre na ação conjunta, já que o acesso à região fica mais fácil de ser articulado da capital acreana, Rio Branco. - O trabalho conjunto sempre soma forças. O impacto ambiental sofrido nas áreas de desmate é incalculável, porque ninguém sabe o que existe nessa floresta de biodiversidade, que poderia ser usado a favor do homem - diz o coordenador da equipe do Ibama-Amazonas, Abiner Brandão de Souza.
Resultados - De 25 de maio a 22 de junho, a operação Uiraçu fiscalizou 30 serrarias em Vista Alegre do Abunã, Extrema e Nova Califórnia, levantando a sua situação de armazenamento e movimentação de madeira e documentação. Durante todo o trabalho, foram detectados 13 mil, 899, 742 mil metros cúbicos de madeira irregular que haviam sido comercializadas por dez serrarias. Nos pátios de nove serrarias pouco mais de 2 mil 380 mil metros cúbicos de madeira em toras extraídas ilegalmente estavam alojadas e 351 mil 560 mil metros cúbicos serradas também foram apreendidas. Apenas onze serrarias estavam agindo legalmente.
No dia 6, a equipe integrada foi até a serraria Agroindustrial Vista Alegre, multada em 139 mil pelo armazenamento de 1,14 mil metros cúbicos de madeira em tora e 257 metros cúbicos em madeira cerrada, todas ilegais. O proprietário tem vinte dias para recorrer à multa. Realizando a segunda maior operação integrada na região do sul do Amazonas, as ações da Uiraçu mostram uma verdadeira guerra travada contra os autores das agressões que vem sendo cometida ao meio ambiente. (Amazônia.org.br, 07/07)