Mercado de carbono poderá ser fonte de renda para produtores rurais, diz ministro da Agricultura
2005-07-07
O comércio mundial de créditos de carbono, que prevê investimentos de países
ricos em nações em desenvolvimento para reduzir a emissão de gases do efeito
estufa, beneficiará o produtor rural brasileiro, avalia o ministro da
Agricultura, Roberto Rodrigues, que participou do 1º Seminário Agropauta de
Jornalismo, em São Paulo.
Segundo o ministro, a expectativa é que o agronegócio brasileiro fature
anualmente US$ 160 milhões com o mercado de créditos de carbono e que esse
dinheiro chegue ao produtor rural. — Esse é o grande objetivo do Ministério
da Agricultura: que o produtor tenha uma renda adicional. Ele (produtor) já
faz uma série de ações hoje que permitem o seqüestro de carbono. Então, ele
tem que se beneficiar disso também objetivamente. Já existe o mecanismo
técnico que ele desenvolve. É preciso transformar esse mecanismo em renda -
afirmou Rodrigues.
Rodrigues anunciou que o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior, em parceria com a BM&F e a Fundação Getúlio Vargas, está
formulando uma proposta de especificação para o mercado brasileiro de
emissões, que garantam os mecanismos de geração de renda. O estudo procurará
definir as quantidades de carbono contidas em produtos, cultivos e árvores
do país, também chamado de seqüestro de carbono, e valores correspondentes
em dólares a quem quiser investir na sua produção ou preservação.
Uma tonelada de carvão, por exemplo, seqüestra em carbono o equivalente a
US$ 5,63 de investimento, segundo o Banco Mundial. — É preciso que se defina
quanto carbono seqüestra uma tonelada de cana, um hectare de eucalipto, um
hectare de pastagem. É preciso que alguém certifique isso para que esse
papel, a ser definido, seja comercializado em bolsa de tal forma que os
países ricos, que fazem emissões, se beneficiem com o seqüestro em países em
desenvolvimento, no caso, o Brasil.
O ministro afirmou ainda que não é possível prever uma data para a conclusão
da proposta. — É um estudo demorado porque implica um longo trabalho técnico.
Já tem o começo de conversa, a partir de definições da Getúlio Vargas, do
mecanismo, como funcionará. As mensurações demoram um tempo. Não podemos
fazer todas medidas de uma vez só. Vamos começar com florestas para depois
ir para água e energia, que é um mecanismo potencialmente muito grande, e
avançarmos por aí afora - afirmou Rodrigues. (Agência
Brasil, 04/07/2005)