Peixes da Lagoa Rodrigo de Freitas contaminados por metais pesados
2005-07-07
Peixes da Lagoa Rodrigo de Freitas estão contaminados por cobre, zinco e níquel. Os metais pesados foram encontrados em valores acima dos limites aceitáveis no fígado dos animais, o que não impede o consumo. O estudo, feito a pedido da Comissão de Defesa do Meio Ambiente da Assembléia Legislativa, também encontrou no fundo da lagoa dioxinas e furanos, poluentes orgânicos altamente tóxicos que fazem parte da Lista Suja do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.
Foram pesquisados cinco robalos, duas ubaranas e duas tainhas. As amostras foram preparadas pelo professor Gustavo Nunan, do Departamento de Ictiologia do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro e analisadas pelo laboratório Analytical Solutions. A situação mais grave foi encontrada nos robalos. Nessa espécie o nível de cobre variava de 13,5 mg/quilo a 44,6 mg/quilo. Foram encontrados 121 mg/quilo e 102 mg/quilo de zinco em duas amostras do peixe. Também havia níquel nessas duas amostras - 1 mg/quilo.
O estudo esclarece que não há parâmetros internacionais para o consumo de peixe, mas cita que no Reino Unido, o limite aceitável para o pescado é de 20 mg/quilo para cobre e 50 mg/quilo para zinco. Não há parâmetros para níquel.
- A carne do peixe não está contaminada, e pode ser consumida, porque ninguém come o fígado. Mas esse resultado é um alerta. O ecossistema está comprometido e providências precisam ser tomadas, afirmou o deputado Carlos Minc (PV), presidente da comissão. Ele vai encaminhar ofícios aos órgãos ambientais do Estado, pedindo controle dos postos de gasolina e a dragagem do lodo da lagoa.
O resultado apresentado pelo deputado foi contestado pelos pescadores que trabalham na lagoa. - Desde o ano passado uma equipe da Universidade Federal Fluminense e a Vigilância Sanitária do município tem monitorado os peixes e não encontrou nada - afirmou o capataz da Colônia Z-13, Orlando Marins Filho. A pesquisa, com 26 peixes, estuda a presença de mercúrio, polônio e chumbo.
Pescadores temem que a pesquisa afaste consumidores. - Ninguém consome tanto esse peixe da lagoa como nós, os pescadores. Por que não fizeram testagem conosco?, indagou Isnaldo Justo, o Delegado, de 60 anos, que vive da pesca há 54.
A Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente informou que o órgão só comentará a pesquisa depois que receber o estudo. A Assessoria de Imprensa da Secretaria Estadual de Meio Ambiente informou que o lodo ativo da lagoa foi removido com técnica canadense, que impede que os metais sejam revolvidos. O processo foi encerrado há dois meses. (Estadão, 06/07)