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2005-07-07
Por Carlos Matsubara

Prevista para outubro deste ano, Barra Grande – localizada às margens do rio Pelotas, entre os municípios de Esmeralda, na parte gaúcha e Anita Garibaldi, na catarinense – é a maior hidrelétrica em construção no Brasil. Com a Licença de Operação (LO) do Ibama emitida na segunda-feira (4/7), o reservatório começa a ser cheio depois de um processo repleto de polêmicas e ações na justiça, simbolizando um exemplo a não ser seguido. No fundo do lago apodrecerão seis mil hectares de Mata Atlântica, incluindo pelo menos dois mil hectares de florestas de Araucárias virgens.

Após o enchimento, segundo a empresa CPFL Energia, ainda serão efetuados testes nos equipamentos. A primeira unidade da usina está prevista para outubro deste ano mas as outras duas devem entrar em operação em janeiro e abril de 2006.

O investimento total realizado pelo consórcio Baesa, responsável pelo empreendimento, bateu nos US$ 500 milhões e a capacidade instalada de 690 MW. Dividida em três unidades, tem energia assegurada de 380 MW médios.

Barra Grande, dizem seus defensores, gerou quase 3 mil empregos durante a construção da obra e mais 60 vagas permanentes na operação da usina. É a maior hidrelétrica em construção no país. Só a sua barragem terá 180 metros de altura e o lago formado numa área de 93 quilômetros quadrados de Mata Atlântica.nos municípios de Anita Garibaldi, Cerro Negro, Campo Belo do Sul, Capão Alto e Lages, em Santa Catarina, e Pinhal da Serra, Esmeralda, Vacaria e Bom Jesus, no Rio Grande do Sul.

Para compensar os danos ambientais, que não serão poucos, o governo federal receberá em doação uma reserva de 5,7 mil hectares de araucárias nativas na região de fronteira entre os dois estados. Os custos com a compra da área que será transformada em reserva ambiental e sua manutenção ficarão a cargo das empresas Alcoa, Votorantim, Camargo Corrêa, Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), Departamento Metropolitano de Eletricidade (DME) e da Companhia Paranaense de Força e Luz (CPFL), acionistas da usina. O acordo foi realizado no final do ano passado, quando foi descoberta a fraude no EIA-RIMA do empreendimento realizado pela Engevix Engenharia sob encomenda da Baesa e benção da administração do Ibama na época que desconsiderou as deficiências do documento.

Dos 8.138 hectares sujeitos à linha de imersão e passíveis de alagamento, 2.077 hectares são de mata primária de Floresta Ombrófila Mista (espécie do gênero Mata Atlântica, com predominância de Mata de Araucárias), 2.158 hectares são de florestas secundárias em estágio avançado de regeneração e outros 2.565 hectares são de mata ciliar. A inundação afetará espécies de plantas como canela-preta, imbuia, canela sassafrás e xaxim, além de animais - onça-pintada, onça-parda, várias outras espécies ameaçadas de mamíferos e aves - que constam da lista oficial do Ibama de espécies ameaçadas de extinção. Estudos das Universidades Federais de SC e PR (UFSC e UFPR) comprovam que na área a ser inundada ocorrem várias espécies de plantas sequer descritas pela ciência, e outras como a bromélia Dyckia distachia, que só ocorre no Parque Municipal de Encanados, em Vacaria (RS), uma área de belas paisagens igualmente prestes a desaparecer debaixo das águas.

Para mais informações sobre o processo de construção de Barra Grande, acesse o Dossiê da Apremavi - http://www.apremavi.com.br/dossie/pbarragrande.htm - ou o site da Baesa - http://www.baesa.com.br/.

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