Movimento estima que 1 milhão de brasileiros já foram expulsos pela construção de hidrelétricas
2005-07-06
Cerca de 1 milhão de brasileiros já foram expulsos de suas terras por causa da construção de hidrelétricas e reservatórios de água. A informação é do Movimento Nacional dos Atingidos por Barragens (MAB), que vem se organizando, desde 1988, para que essas populações sejam indenizadas e reassentadas.
De acordo com o representante da direção nacional do MAB, Josivaldo de Oliveira, a construção de barragens no Brasil traz prejuízos irrecuperáveis. Em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional AM, ele defendeu o investimento em fontes alternativas de produção de energia. — O ideal é não construir a barragem. Quando não há organização forte na região onde a barragem vai ser feita, o governo ou o setor privado, não consegue ou não faz por intenção, a indenização de forma que essas famílias possam voltar a terem as terras, as casas, uma vida minimamente para continuar sobrevivendo no campo, disse.
Segundo Josivaldo, um grande número de famílias aguarda o reassentamento. — Por exemplo, em Goiás, as famílias de Serra da Mesa e Cana Brava, no rio Tocantins, esperam há mais de quatro anos. Tanto é que as famílias se obrigam a ocupar os canteiros, as obras, e até o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em Brasília [como aconteceu no início de junho], para que se abra uma mesa de negociação. Os avanços dessas negociações tem sido muito lentos-, afirmou.
A expectativa do MAB é de que o governo, de fato, reconheça que é uma causa justa. Para o representante do movimento, as vantagens tem ficado, até hoje, para as empresas. — O modelo econômico atual no país impede que as políticas voltadas para o social realmente aconteçam. Os reassentamentos que conseguimos aconteceram porque os atingidos, de fato, foram ao enfrentamento-, explicou. (Agência Brasil, 4/7)