Redes da sociedade civil abrem espaço de diálogo no BNDES
2005-07-06
É sabido que muitos projetos hoje financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) não incorporam preocupações e medidas adequadas com a sustentabilidade social e ambiental, a exemplo do apoio à implantação de grandes obras de infra-estrutura como estradas e usinas para geração de energia. Segundo Carlos Tautz, representante do IBASE na coordenação da Rede Brasil sobre IFMS – Instituições Financeiras Multilaterais, o BNDES destina muito pouco, cerca de 1%, de seus investimentos para a dimensão social, o S da sigla do banco.
Para tentar mudar esse cenário, desde maio passado, integrantes do Grupo de Trabalho de Energia do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (FBOMS) e da Rede Brasil sobre Instituições Financeiras Multilaterais vêm se reunindo com dirigentes do BNDES.
Dos entendimentos havidos até o momento, ficou acordada a consolidação de uma instância capaz de integrar as diversas redes de organizações da sociedade civil e o BNDES para que, de forma participativa, façam a formulação e análise de políticas e programas da instituição financeira, além de monitorar e avaliar os impactos de seus financiamentos.
Medidas propostas - Rubens Born, diretor do Vitae Civilis e representante do FBOMS na coordenação da Rede Brasil, é da opinião que se deve demandar a criação e bom funcionamento de uma ouvidoria, a ser dirigida por uma pessoa com autonomia e suporte para exercer a função de ombudsman. Born sugere ainda que o BNDES prepare anualmente um relatório minucioso de como as questões socioambientais são atendidas pela instituição e pelos projetos por ela aprovados.
- A Petrobrás elabora relatórios para demonstrar a sua responsabilidade corporativa em questões ambientais e sociais. É importante que o BNDES siga semelhante exemplo de transparência, diz Born.
Foi acertado com a direção do BNDES a realização de uma reunião de trabalho no próximo dia 5 de agosto para tratar do processo e instância de articulação e diálogo do banco com redes de organizações da sociedade civil brasileira, na qual a Rede Brasil e o FBOMS deverão indicar interlocutores. (Instituto Vitae Civilis , 05/07)