ONGs lamentam concessão de LO para UH de Barra Grande
2005-07-06
Por Silvia Marcuzzo*
O Ibama concedeu a Licença de Operação para a Usina Hidrelétrica de Barra Grande
ontem, 5 de julho. Isso significa que a partir de agora, cerca de cinco mil hectares de floresta com araucária em estágios primário, secundário e em regeneração serão submersos pelas águas do lago da represa da usina.
— Com este ato, fica sacramentada a extinção na natureza da Dyckia distachia (bromélia endêmica da região) e porque não dizer, de boa parte do ecossistema da Floresta com Araucárias-, lamenta Miriam Prochnow, coordenadora geral da Rede de ONGs da Mata Atlântica.
Miriam recebeu a notícia com surpresa, pois ainda está em andamento um estudo, com a participação do próprio Ibama, para verificar se a pesquisa da Universidade Federal de Santa Catarina está correta. O levantamento da UFSC aponta que as últimas três populações da bromélia Dychia ficam na área de Barra Grande.
Miriam estranha que a licença tenha sido concedida alguns dias após a
ex-ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, ter tomado posse da Casa Civil. Estranha ainda a pressa na divulgação dessa notícia, ainda mais sendo divulgada pela senadora Ideli Salvatti. — O que ela tem a ver com isso? - indaga. E Miriam protesta: — Tentamos várias vezes, desde o início do ano, conversar com a Ministra Marina e com o Ibama sobre este assunto, mas até agora nada.
A coordenadora da RMA completa: — E isto que estamos às vésperas da Convenção das Partes (COP 8), a Convenção Internacional da Biodiversidade, que será realizada em março do ano que vem. O que será que o Brasil vai dizer?
*Silvia Marcuzzo é assessora da Rede de ONGs da Mata Atlântica (RMA).