ONU cobra vontade política contra aquecimento global
2005-07-06
Presidente americano mantém oposição ao Protocolo de Kyoto O chefe do órgão da ONU que monitora as mudanças climáticas pediu ao mundo que mostre vontade política para dar um fim aos danos provocados pelo aquecimento global. Em entrevista à BBC, Rajendra Pachauri, presidente do Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas, disse que o problema é real e precisa ser enfrentado.
- Estamos em uma situação precária - disse Pachauri, que fez as declarações durante preparativos para a cúpula do G8, nesta semana na Escócia. O clima deve ser um dos temas a ser discutidos.
Antes, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, admitiu que o aquecimento global é um problema sério, mas disse que o foco da discussão sobre o assunto deve ser modificado.
Em entrevista a um canal de televisão britânico, Bush afirmou que, em vez de diminuir a emissão de gases poluentes, seria melhor buscar o desenvolvimento de uma tecnologia que limpasse essas substâncias.
Bush reconheceu que as atividades humanas, pelo menos em parte, deveriam ser responsabilizadas pelo aquecimento global.
Apesar disso, ele disse que os Estados Unidos vão continuar a resistir contra uma ampliação do protocolo de Kyoto, que limita a emissão de gases poluentes na atmosfera. Na opinião do presidente americano, o protocolo restringe o uso de energia.
Como alternativa, o presidente afirmou que o mundo deveria diversificar os combustíveis para fugir daqueles de origem fóssil, como a gasolina. A Grã-Bretanha, que é a anfitriã da cúpula do G-8, quer aprovar um novo acordo sobre mudanças climáticas.
Um dos mais influentes membros do Partido Republicano dos Estados Unidos, o senador John McCain, disse que a política de Bush para o aquecimento global é uma desgraça. McCain também disse que não vê como a cúpula do G8 pode reduzir as diferenças de opinião entre aqueles que defendem uma ação urgente sobre o aquecimento global e os que, como Bush, querem que sejam feitos mais estudos.
O senador, que foi derrotado por Bush nas primárias republicanas para as eleições presidenciais de 2000 nos Estados Unidos, é um crítico habitual das políticas ambientais do governo americano.
Em entrevista à BBC, ele afirmou ter esperança de que o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, possa conseguir articular algum tipo de acordo durante o encontro do G8 capaz de levar a progressos contra o aquecimento global.
McCain também criticou outro dos participantes da cúpula, o presidente da Rússia Vladimir Putin. Ele afirmou que o processo democrático na Rússia sofreu um revés nos últimos cinco anos e que o país deveria receber uma ameaça de expulsão do G8, caso não mude seu rumo (BBC Brasil, 4/7)