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2005-07-05
Os Tupinikim e Guarani do Espírito Santo estão sendo seguidos pela milícia armada da Aracruz Celulose, a Visel. A denúncia foi feita nesta segunda-feira (4/7), quando uma das lideranças indígenas foi seguida por um segurança armado, às 11h do último sábado (2). O segurança portava uma arma, foi encurralado pelos índios, e confessou segui-los, por ordem da própria Visel.

O segurança teve sua arma, munição, carro e crachá apreendidos pelos índios. — O meu irmão Vilmar estava de carro vindo para a aldeia quando percebeu estar sendo seguido pela segurança da Aracruz Celulose. Então ele me ligou e avisou para que nós fossemos ao seu encontro, para fazer a sua proteção. Então ele entrou em uma das estradas de terra para a aldeia e fechou o carro, logo em seguida nós aparecemos e encurralamos o segurança da Visel-, disse o cacique de Caieras Velha, Jaguareté.

A Visel, empresa contratada pela Aracruz Celulose, é acusada por índios e quilombolas de cometer inúmeros abusos nas localidades onde atua. O segurança não vestia o uniforme da empresa, apenas a calça. Os índios desconfiam que o carro usado pertença a uma locadora de veículos.

Entre os inúmeros casos de humilhações pela Visel registrados no norte, agressões e arbitrariedades, principalmente nos municípios de Aracruz, Conceição da Barra e São Mateus. Alguns episódios foram inclusive denunciados ao governo federal, mais de uma vez, e ao secretário estadual de Segurança Pública, Rodney Miranda, sem providências.

Segundo os relatos das comunidades violentadas pelos seguranças da Visel, estes agem como se fossem polícia, fazendo uso de arma, e impedindo o direito de ir e vir das pessoas. Prisões arbitrárias também são comuns.

Em Barra do Riacho e comunidades vizinhas, os moradores afirmam que o quadro é dramático. Dizem que a Visel atua em conluio com as polícias Militar e Ambiental. As famílias - indignadas - ressaltam que são ameaçadas, adolescentes são presos, lares invadidos e destruídos e os plantios arrancados. E denunciam que a polícia, sustentada pelo dinheiro público, que tem a função de oferecer segurança ao cidadão, se transformou num instrumento de terror a serviço dos interesse privados da Aracruz.

Segundo os índios, qualquer coisa que aconteça às lideranças indígenas de suas comunidades será responsabilidade da Aracruz. Para Jaguareté, os índios não estão mais seguros e é necessária a intervenção da Fundação Nacional do Índio (Funai) e de órgãos que prezem a segurança nas aldeias.

Essa não é a primeira vez que os índios se sentem intimidados pela empresa, desde a retomada de terras iniciada em maio último, que devolveu aos índios 11.009 hectares de terras indígenas que estavam sob o poder da multinacional, devido a uma portaria inconstitucional expedida pelo ex-ministro da Justiça, Íris Rezende, durante o governo Fernando Henrique Cardoso.

No último final de semana um helicóptero, não identificado pelo Departamento de Aviação Civil de Vitória, sobrevoou a área da nova aldeia de Olho Dágua, no norte do Estado, tirando fotos e girando em círculos, segundo os índios numa altura bem baixa, para intimida-los.(Século Diário, 4/7)

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