Química dos alimentos pode ser nociva, diz jornal argentino
2005-07-05
Uma reportagem publicada nesta início de semana pelo jornal argentino Clarín adverte para os perigos das substâncias químicas presentes em alimentos, como conservantes, aromatizantes, edulcorantes, antimicrobianos e antioxidantes. Segundo o texto, alarmar-se pelas modificações genéticas de grãos parece uma preocupação exagerada frente a processos bastante cotidianos e que, além disto, têm nomes que soam apocalítico, como radiação. Há 40 anos o Código de Alimentos da Argentina é investigado: papas, cebolas, alho, frutas, champignons, aspargos e especiarias desidratadas.
–Na mente coletiva do consumidor, a radiação é associada com atividades bélicas e danos misteriosos. Falta difusão acerca das aplicações pacíficas da energía nuclear, explica Patricia Narvaiz, licenciada em Química e responsável pelo Setor de Irradiação de Alimentos da Comissão Nacional de Energia Atômica. Pode ser para prolongar a vida útil, inibir o brotamento e reduzir a contaminação microbiana. –A irradiação de alimentos é um método físico de conservação, comparável com outros que utilizam o calor e o frio. Consiste em expor o produto à ação das radiações ionizantes durante um certo lapso, segue Narvaiz.
O Código Alimentar Argentino é o que regula os processos e os aditivos, designando as proporções para diferentes alimentos e para garantir a inocuidade do que se come. Ainda assim, a ciência, com o tempo, descobre que aquelas substâncias que uma vez se consideravam seguras, podem se converter em duvidosas. Por exemplo, o bromato de potássio, comumente agregado ao pão para torná-lo mais macio e atraente, pode resultar cancerígeno se for superada a proporção de 30 miligramas por quilo de pão. No Mercosul, foi proibido há alguns anos. –Usamos uma técnica de fluorescência de raios para detectar esta substância, explica María Rosa Eppis, licenciada em Química da Unidade de Atividades Combustíveis Nucleares do Centro Atômico Constituintes da Comissão Nacional de Energia Atômica. –Durante o cozimento do pão, o bromato de potássio utilizado na proporção permitida se converte em bromuro de potássio, que não é cancerígeno. O que acontece é que nas padarias não se tem um controle estrito sobre essas quantidades, explica. (Clarín, 4/7)