Calor na Itália mata 18 pessoas em 48 horas
2005-07-01
Em menos de 48 horas, pelo menos 18 italianos, a maioria idosos, morreram devido às altas temperaturas que, a exemplo de 2003, atingem parte da Europa. Os termômetros ficaram acima dos 30ºC nos últimos dois dias. As mortes foram registradas em Vicenza e Milão, no Norte do país. Na semana passada, as temperaturas em Milão, Florença e Turim chegaram a 35ºC.
Segundo estatísticas de 2003, divulgadas na segunda-feira, a Itália sofreu naquele ano uma onda de calor que deixou mais de 8 mil mortos. Dados extra-oficiais citam até 20 mil mortos, segundo publicou o jornal italiano Corriere della Sera na segunda-feira (27/6). O ministro da Saúde do país, Francesco Storace, acredita que este ano mais de 1 milhão de italianos podem ser atingidos seriamente pelo calor. A massa de ar quente proveniente do norte da África elevou as temperaturas, que atingiram 34ºC ao meio-dia de ontem em Roma e 32,4ºC no mesmo horário em Milão.
Na França, a preocupação também é grande. Há dois anos, o calor registrado em agosto foi a causa principal da morte de 15 mil pessoas. Este ano, uma grande parte do país sofre as conseqüências de temperaturas de 37ºC a 39ºC e seus efeitos colaterais, como seca e poluição. Nesta semana, pelo menos quatro franceses morreram de desidratação nos arredores de Lyon. Os serviços de meteorologia estão prevendo recordes de temperatura até nos Alpes. Na região de Rhône-Alpes, os termômetros marcam há duas semanas 21ºC à noite. Nos hospitais dos grandes centros urbanos, o número de internações aumentou 20%.
Como a Europa está às vésperas do início das férias de verão (julho e agosto), as autoridades estão recomendando o máximo cuidado com pessoas idosas, que necessitam de uma atenção especial. Em Paris, Lyon e Marselha foram adotadas medidas para evitar o aumento da poluição do ar: estacionamentos gratuitos e velocidades reduzidas. Em Lyon, estima-se que 200 pessoas morrem anualmente em conseqüência da poluição. Outra preocupação: nessas férias de 2005, o total de atendentes nos asilos deverá ser, segundo as autoridades, inferior ao de 2003. Esta semana, dois idosos, de 81 e 84 anos, morreram. Até os animais sofrem: 20 cisnes do Rio Sena, em Paris, morreram vítimas do forte calor.
A França e outros países da Europa não estão livres de uma nova crise semelhante à de 2003. Mas, dessa vez, estão mais bem aparelhados para enfrentá-la e não poderão alegar o chamado efeito-surpresa do passado. Nesta época do ano, pronto-socorros, médicos e enfermeiros estão bem mais atentos. O mesmo se deve esperar dos parentes dos idosos. Em 2003, centenas de idosos morreram sozinhos em casa, vítimas de temperaturas de até 40ºC, sem a presença dos filhos e netos, que estavam em viagem de férias. (CP, 30/6)