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2005-07-01
Os Tupinikim e Guarani do Espírito Santo iniciaram na madrugada desta quinta-feira (30) a construção da segunda aldeia nos 11.009 hectares de terras indígenas retomadas da Aracruz Celulose, que leva o nome de Córrego Novo. A área, localizada em Comboios, em Aracruz, no norte, já teve os eucaliptos derrubados e até este fim de semana os índios começam a levantar as casas. A nova aldeia será como a que existia no local antes da chegada da empresa ao Estado, na época da ditadura militar. Esta deverá abrigar primeiramente os índios tupinikim de Comboios, devido a localização. — A aldeia é longe das outras, mas isso não impede que outras famílias também morem lá-, disse Jaguareté, cacique de Caieras Velha, no município de Aracruz. No local serão construídas novas casas e também um centro religioso para os índios. Assim como em Olho Dágua - a primeira aldeia construída na área retomada -, a intenção é reflorestar o local com mudas nativas e frutíferas para subsidiar as famílias e contribuir para a recuperação do solo exaurido pelos eucaliptos, para que os índios finalmente fiquem protegidos em suas terras. Segundo Jaguareté, não está definido se a aldeia será povoada por Tupinikins e Guaranis, mas inicialmente ela será comandada por todos os caciques. Os índios passaram toda a quarta (29) cortando eucaliptos e limpando a área. Para os índios, a segunda aldeia é mais um grande passo para a consolidação do sonho indígena de recuperação das terras que durante anos foram ocupadas por extensas plantações de eucalipto da Aracruz Celulose. Na primeira aldeia, localizada próxima à aldeia Pau-Brasil, foram construídas cinco casas e um opu (local dos cultos religiosos dos índios), e os Tupinikim e Guarani já estão morando no local. O processo de autodemarcação da aldeias indígenas no Estado começou no último dia 17, e prosseguiu por cinco dias consecutivos. Os trabalhos foram intensos, feitos por 400 índios capixabas. Mas a declaração de guerra à empresa foi divulgada cerca de um mês antes, após assembléia geral do povo indígena, cuja decisão já havia sido comunicada ao ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e ao presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes. Os índios esperam do ministro que ele revogue as portarias assinadas pelo ex-ministro Íris Rezende (PMDB/GO), em 1998, permitindo à Aracruz o uso das terras indígenas. Íris cometeu ato arbitrário, pois contrariou estudo da Fundação Nacional do Índio (Funai). Este reconhecia com terra indígena 18.070 hectares no Estado, mas foram demarcados apenas 7.061 hectares. (Século Diário, 30/6)

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