Ex-gerente do Ibama no MT rebate declarações do interventor
2005-07-01
O ex-gerente executivo do Ibama em Mato Grosso, Hugo José Sheuer Werle, negou no dia 29 a ocorrência de irregularidades nas licitações efetuadas pelo órgão nos últimos dois anos, denunciadas pelo interventor Elielson Ayres de Souza.
Ao conceder a primeira entrevista coletiva após deixar a cadeia, Werle classificou de falácia os dados apresentados no início do mês por Souza. Segundo o interventor, todos os processos licitatórios demandados pelo Ibama desde 2003 para a compra de materiais e para a contratação de um empresa de serviços terceirizados continham problemas legais.Seriam ao todo 10 licitações irregulares, incluindo a reforma do prédio da gerência executiva de Cuiabá. Werle disse que antes de assumir o cargo o Ibama adquiria bens diretamente com recursos suplementares, o que é considerado ilegal.
Garante que um servidor do órgão em Brasília especializado em elaborar processos licitatórios, foi enviado para Mato Grosso afim de organizar as normas das concorrências.Os processos também eram permanentemente fiscalizados e auditados pela direção nacional do Ibama, segundo ele. - Tudo foi feito dentro da legalidade. Essas acusações são todas mentirosas - disparou o ex-gerente. Quanto à reforma do prédio, o interventor afirma que as obras demandaram despesas próximas a R$ 1 milhão, foram pagas, mas não executadas. Werle rebate a informação, dizendo que a reforma custou na verdade R$ 554 mil, incluindo a troca do telhado e da rede elétrica e que 95% do programa já foi executado. O Ibama de Mato Grosso continuará sob intervenção até o dia 30 de julho.
Para o ex-gerente, sistema facilitava fraudes no Ibama
Werle confirmou que o Sistema de Fluxo de Produtos da Floresta (Sismad) era a porta aberta para a retirada e transporte ilegal de madeira em áreas onde o desmate é proibido. O ex-gerente do Ibama garante ter denunciado as falhas do sistema para gerentes de outros estados da Amazônia Legal durante uma reunião em Rondônia. A direção nacional também teria sido comunicada da inoperância do Sismad. O sistema é destinado a armazenar dados como volume, quantidade e tipologia das toras transportadas. Foi concebido pelo ex-delegado do extinto Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF), Armando Pinheiro, que responde a processos por crimes contra o Meio Ambiente no Pará.
Segundo Werle, qualquer pessoa poderia incluir dados falsos no sistema, valendo-se de uma artimanha para conseguir retirar mais madeira do que o limitado pelos créditos concedidos pelo Ibama. Como as madeiras não eram registradas pelos nomes científicos, as fraudes ocorriam usando-se sinônimos. - Era possível que se retirasse mil metros cúbicos de garrote e a mesma quantidade de leiteiro e tatatajubá, que são a mesma coisa -, exemplificou. Werle confirmou que vai processar a União, o delegado da Polícia Federal Tardelli Boaventura e o presidente do Ibama, Marcus Barros, por danos morais. (Amazônia.org.br, 30/06)