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2005-07-01
A intervenção do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) em Mato Grosso e o fechamento das atividades na Fundação Estadual do Meio Ambiente (Fema), atrasaram os preparativos para o combate às queimadas no Estado. Até agora não se sabe se este ano será assinada portaria conjunta dos dois órgãos ambientais que proíbem qualquer tipo de queimada agrícola. A reportagem procurou o Centro Nacional de prevenção e combate a Incêndios Florestais (Prevfogo) para saber quanto será investido nas operações de fiscalização este ano, mas não há informações sobre o assunto. Hoje, durante mais uma reunião entre a Fundação Estadual do Meio Ambiente e o interventor do Ibama em Mato Grosso, Elielson Ayres, o assunto deve ser discutido, segundo informou a assessoria de imprensa do Ibama. O decreto de proibição de queimadas, assinado há 10 anos pelo governo do Estado e Ibama, é um dos pontos polêmicos a serem discutidos. Técnicos e pesquisadores questionam a portaria, pois raramente ela é cumprida. Geralmente o período de suspensão das queimadas ocorre entre 15 de julho e 15 de setembro, meses de forte estiagem e radiação solar. Além disso, os ventos nesta época são mais fortes. A principal idéia da proibição é evitar os incêndios florestais, que fogem de controle e se alastram para áreas de preservação. Ao avaliar os focos de queimadas em Mato Grosso desde 2000, nota-se que nos meses de agosto e setembro o números são altos, dentro do período de proibição. Em 2002, o ex-presidente da Fema, Moacir Pires, admitiu que os produtores não respeitam a portaria. Naquele ano foram detectados pelos satélites de monitoramento do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) 58.650 focos no Estado, sendo que em agosto foram 14.257 focos e 16.171 em setembro. Número de focos diminui no Estado Em 2000, Mato Grosso teve 26.168 focos de calor. No ano seguinte foram 33.050 focos e em 2002 as queimadas atingiram 58.650 focos. No ano seguinte houve uma pequena redução para 55.524 focos e em 2004 foi registrada uma queda de mais de 50%, chegando a 23 mil focos. Neste caso, as chuvas chegaram mais cedo e atrapalhou aqueles que insistiram em queimar as áreas no período de estiagem. Evaristo de Miranda,da Embrapa, alerta que é preciso reduzir cada vez mais o uso da queimada como técnica agrícola. - Mas não adianta proibir, criar portarias que não vão ser cumpridas. É preciso repassar ao pequeno e médio produtor as inúmeras técnicas que existem que solucionam os problemas sem usar fogo. É preciso investir nisso - alerta. Ela cita o caso dos pecuaristas que ateiam fogo no pasto para acabar com o carrapato. - Se forem feitos rodízios com o gado no pasto liberando as áreas por uma média de 70 dias, o carrapato some sem fogo - diz. A queimada ou coiavara, é uma técnica indígena, usada no Brasil e depois repassada aos portugueses, italianos, japoneses. - O absurdo é que ainda usamos uma técnica atrasada - diz Evaristo. Pesquisas mostram que 800 anos antes da chegada dos portugueses, os índios mudaram a mata atlântica e aumentaram a área de cerrado, com o uso do fogo em caçadas e lavouras. Florestas são as maiores prejudicadas pelo fogo Nos últimos anos as queimadas em Mato Grosso acontecem mais nas áreas de floresta, entre as regiões do Araguaia e Nortão. Um estudo minucioso da Embrapa Monitoramento por Satélite faz avaliações positivas da situação no Estado. A safra 2004 de soja, 23 milhões de hectares e mais de 40% da produção de grãos, tem sido feita através de plantio direto e não usa mais a técnica agrícola de queima do solo. O plantio direto também reduz a erosão. Segundo informou o doutor em ecologia e chefe geral da Embrapa Monitoramento, Evaristo de Miranda, os sojicultores do Chapadão do Parecis já não fazem mais queimadas. O problema estaria mais nos assentamentos e áreas abertas por pequenos produtores, que possuem poucas condições técnicas. Evaristo diz que os estudos feitos com 500 pequenos produtores durante 20 anos demonstram que eles demoram de 5 a 6 anos para limpar as áreas para o cultivo. Nesse período as queimadas acontecem nos mesmos lugares. É o que pode ser notado nos boletins diários de monitoramento de focos de calor do Proarco, utilizando-se os satélites Noaa 12, Terra e Aqua Sensor Modis. Os municípios de Nova Ubiratã, Brasnorte, Nova Maringá, Diamantino e Guarantã do Norte estão localizados no bioma amazônico e queimam desde 2001 sempre durante todo o período de seca. Poucos dias antes da chuva de segunda-feira passada, no dia 26 (domingo), as regiões estavam em alerta verde no sistema, porque havia registro de queimada de florestas no monitoramento. (Amazônia.org, 30/06)

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